Não vos vou falar do cantar brejeiro Crispim e da sua companheira. Este é outro duo. Ele lê A BOLA e o RECORD. Ela lê a NOVA GENTE e a MARIA. Ele e ela curtem o Tony Carreira, a Ruth Marlene, o Emanuel e a Ágata. Ele e ela adoraram o Big Brother e destestavam o "Acontece", essa chatice literária.
Ela é filha de um abastado proprietário rural, que liderava a União Nacional na sua aldeia, no tempo da outra senhora. O pai dele entrou, há muitos anos, para a Carris, graças ao seu alistamento na Legião Portuguesa, tendo, na reforma, regressado à sua terra natal.
Ela não foi lá muito bafejada pela inteligência. Ele, também nem por isso, mas tinha muito de esperto. Ele e ela têm o coração e o cérebro no CDS, mas filiaram-se no PSD, a ver se arranjavam um lugar. Ele e ela apreciam os políticos pela pose. Ideias não é com eles e têm raiva de quem as tenha.
Ele e ela, quando vão às reuniões do Partido, que são uma maçada (para quê reunir tanta gente. Eles lá sabem, assim aprenderem com os seus antepassados) não gostam nada de quem exponha posições seja sobre o que fôr, pois para tal têm dificuldade. Então, ouvirem um dirigente nacional elogiar os que deviam ficar calados e deixar falar os outros, para ele e ela é demais.
Ele e ela nunca viram com bons olhos esses antigos comunas, como o Durão, o Pacheco ou o Silva Marques. Ele e ela apoiam entusiasticamente Santana Lopes. Ela, além da inteligência, também não foi bafejada pela beleza. Ele, antes de casar com ela, namorou uma morena, que, contrariamente aos esteriótipos comuns, era, além de bonita, de uma grande doçura. No entanto, o pai disse-lhe que ela tinha mais bago, logo, era ali que devia poisar.
Ele, no entanto, entre uma ida semanal à missa, onde sempre comungava a par dela, e uma lição de moral contra essa gente que vive em união de facto (que horror à expressão) ou que aparece debochada na televisão, lá ia dando umas escapadelas com a morenaça que nunca esqueceu.
Eles estão radiantes com o governo Santana-Portas. Constituem um duo fascinante. Igual àquele a quem se referia o grupo JAFUMEGA, há mais de 20 anos, na canção "LA DOLCE VITA". Como terminava a canção, "o destino os juntou (a ele e a ela) para os separar mais adiante"
Por Manuel Silva