9.10.04

KHMERS VERMELHOS VÃO A JULGAMENTO


Pol Pot

Segundo notícias recentemente reveladas, as autoridades cambojanas vão levar os Khmers vermelhos, liderados por Pol Pot, entretanto falecido, a julgamento pelos crimes que cometeram.

Aqueles psicopatas, inspirados no maoismo, em nome do "paraíso terreno", liquidaram fisicamente 1/4 da população em 4 anos de poder (de 1975 a 1979). Como Chamavam a Pol Pot o "grande pai número um", foi um "pai" bem tirano.

Foram mortas pessoas à paulada e à sacholada, para poupar balas, foi proibido o uso de óculos, por ser considerado luxo burguês e capitalista. As cidades ficaram vazias com as deportações para a reforma agrária nos campos.

O Camboja era um imenso campo de concentração onde se trabalhava, por vezes, 20 horas por dia, e sempre com péssima alimentação. A política concentracionária daquela gente levou a que ninguém pudesse possuir comida em casa e se sujeitasse às refeições colectivas. Chegou-se a fazer casamentos obrigatórios entre pessoas, pois o partido era que decidia o destino de cada um. Veja-se o filme "Killing Fields", que está lá tudo explicado.

Foram mortas crianças, filhas de prisioneiros. Normalmente, batiam com as crianças no corpo dos pais até as matarem.

Quem dirigiu aquela revolução foram intelectuais formados na Sorbonne e outras universidades francesas. Foi o caso do próprio Pol Pot, operário electricista, que se licenciou em Direito em Paris.

Depois de Pinochet, os Khmers Vermelhos serão levados a julgamento por crimes horrorosos. Ainda bem que o crime e a tirania não compensam sempre.

Quando em 1975, os Khmers vermelhos chegaram a Phnom Pen, fiquei radiante de alegria. Tinha sido instaurado o socialismo, de feição maoista, em que acreditava, depois da China e da Albânia. O terror que se seguiu e a verificação de que a "felicidade terrena" na China e na Albânia, no tempo de Mao e de Enver Hodxa, era uma perfeita mentira, foram factores que me fizeram mudar de agulha. Como costuma dizer João Carlos Espada, também eu mudei para não me trair.

Por Manuel Silva

Saiba mais aqui.