
Fialho Gouveia foi um dos melhores jornalistas que passaram pela televisão. Recordo-me, ainda criança, no final dos anos 60, do programa televisivo ZIP ZIP, que fazia com Carlos Cruz e Raul Solnado. Era um programa de qualidade, o qual, ao vermos o actual lixo televisivo, deixa inúmeras saudades. Ali passaram diversos cantores de intervenção que combatiam o regime ditatorial de então, como Zeca Afonso, Vitorino, Francisco Fanhais, José Jorge Letria, Manuel Freire ou José Barata Moura.
Lembro-me também da emoção de Fialho Gouveia quando divulgava notícias relativas ao 25 de Abril, naquele dia libertador de 1974. Então, como dizia Vieira da Silva, a poesia estava na rua. Fialho, como tantos outros milhares de portugueses, via cair um regime decadente, autoritário e isolado da população. Fialho Gouveia, além de bom profissional, sempre foi um amante da liberdade.

Blanqui Teixeira, como muitos outros da sua geração, à esquerda e à direita, batiam-se por princípios e valores. Não estavam na política por tachos e sinecuras. Eram gente de convicções e não de plástico, como a que hoje lidera os principais partidos, o governo e a oposição. Sobretudo, era gente com sentido de honra e gratidão, o que hoje, em democracia, também vai faltando. Vejam-se as memórias da Srª Thatcher e o que diz de pessoas que promoveu, as quais, num mau momento, a trairam. Factos desses não se passam só na Inglaterra. Não é preciso sair da nossa terrinha para os observar...
É mesmo para vós (para bom entendedor(a)...), se lerdes, que escrevo. Se quiserdes responder, façam-no, assinando os vossos nomes. Não sejam sempre cobardes.
Por Manuel Silva