Conhecidos os resultados finais, Bush e o Partido Republicano obtiveram uma vitória confortável e histórica. Nunca um presidente americano foi eleito com tantos votos. Aquele partido reforçou as maiorias que tinha na Câmara dos Representantes e no Senado.
Bush ganhou contra boa parte da imprensa norte-americana, boa parte dos intelectuais e boa parte dos artistas, o que só prova que, por vezes, muita da intelectualidade e gente do mundo artístico desconhece os países reais onde vive, esbarrando os seus desejos de sociedades perfeitas com os homens e mulheres concretos. Espera-se que muitos dos intelectuais que apoiaram Kerry e são democratas tenham entendido a lição, pois a América profunda, contra as suas opiniões, deu a vitória a Bush.
Houve, no entanto, muitos intelectuais politicamente incorrectos, a maior parte dos quais vindos das esquerdas, apoiantes de Bush.
Se é certo terem os mais pobres votado em Kerry, o resultado final só prova serem aqueles uma minoria nos EUA e ter a esmagadora maioria da população um nível de vida digno. Tal mostra, no entanto, que apesar dos esforços feitos pela Administração americana nos últimos 4 anos, no plano social, aumentando os encargos com quem não tem seguro de saúde ou cheques educação e ensino, muito há a fazer no combate à pobreza, ainda que minoritária.
No artigo intitulado "Bush obtém expressiva vitória", afirmámos que no combate ao relativismo moral e filosófico, houve alguns exageros típicos do conservadorismo social. Esses exageros devem-se à influência da ala direita dos republicanos, especialmente a chamada direita cristã, de Pat Robertson, caracterizada por um grande reaccionarismo social. Tem, aliás, pouco de cristã, pois na maioria das suas posições distancia-se da mensagem de tolerância e fraternidade do Evangelho. Foram clérigos fanáticos e intolerantes como estes "cristãos" que condenaram Cristo à morte.
Na América, os partidos são mais frentes ideológicas. Espera-se que as forças mais à esquerda dentro do Partido Republicano, como são os casos dos intelectuais neo-conservadores, criem condições para a travagem do radicalismo direitista e dêem continuidade ao conservadorismo com compaixão, bem como ao missionarismo democrático em todo o mundo.
PS-1: No artigo "Bush obtém expressiva vitória", onde se lê "opolência", deve ler-se "opulência". Do lapso de impressão pedimos desculpa ao leitor.
PS-2: o Dr. Mário Soares veio dizer que os americanos votaram por medo, mostrando um grande desgosto pelo resultado eleitoral.
Sr. Dr. Mário Soares, a sua dinastia acabou no seu próprio partido. É ver a votação obtida pelo filho de Vª Exª na eleição do secretário-geral. O Senhor parece não entender já muito bem as novas realidades. Em nome do seu passado de defesa da liberdade e da democracia, contra o fascismo e o comunismo, de que foi dissidente há mais de 50 anos, denunciando os crimes de Estaline, faça o que o coronel Otelo aconselhou ao seu inimigo figadal, general Vasco Gonçalves, retire-se, leia e descanse.
Por Manuel Silva