7 DE NOVEMBRO

Em 1917, pela primeira vez, uma revolução dirigida por comunistas saía vitoriosa. No mundo inteiro, milhões de homens e mulheres honestos e de boa vontade acreditaram no comunismo como uma ideologia messiânica e justa. "Todos os homens são iguais", "sociedade sem classes", "fim da exploração do proletariado" foram expressões que apaixonaram por todo o lado muitos operários, camponeses, intelectuais e estudantes.
Como diria John Reed, aqueles 10 dias abalaram mesmo o mundo. Até ao fim da segunda guerra mundial, em nenhum outro país uma revolução comunista triunfava. Daí a política da "construção do socialismo num só país" defendida por Estaline e severamente condenada pelo seu ex-camarada Trotsky, assassinado às ordens do "guia genial do proletariado mundial".
Na sequência da vitória dos aliados sobre a Alemanha nazi e seus "compagnons de route", o comunismo estendeu-se por todo o leste da Europa e em diversas partes de África, América Latina (Cuba) e Ásia, destacando-se neste continente a China.
As expectativas das pessoas de boa vontade que acreditaram na ideologia comunista goraram-se. A prometida igualdade foi-o na pobreza ou miséria, tornando-se os dirigentes em nova burguesia, muitas vezes corrupta. Provou-se ter falhado redondamente o colectivismo, na economia, precisamente o sector onde Marx e Engels prognosticaram a superioridade das suas teses relativamente ao capitalismo. Os regimes comunistas, em nome do bem comum praticaram o mal, prendendo, torturando e assassinando os seus opositores. Em todo o mundo morreram cem milhões de seres humanos sob as tiranias comunistas. Reagan tinha razão quando afirmava ser a URSS e seus aliados o império do mal.
Apesar do seu carácter totalitário, o comunismo teve um aspecto positivo. Obrigou o capitalismo a reformar-se, democratizar-se e adoptar políticas sociais para com os trabalhadores por conta de outrém. Antes que algum comentador diga que é a minha "costela comunista a falar", recordo ter sido o Papa actual, insuspeito de comunista, autor de afirmações idênticas. Mais: disse lamentar que, passado o perigo comunista, o capitalismo selvagem se manifestasse novamente.
9 DE NOVEMBRO

Prometeis um mundo novo
Calai-vos, que pode o povo
Querer um mundo novo a sério
António Aleixo
A queda do muro de Berlim, há 15 anos, e demais acontecimentos que no ano de 1989 levaram ao fim de todos os regimes comunistas no leste da Europa, bem como em outras partes do mundo, especialmente em África, fazem lembrar a quadra que antecede, do popular poeta algarvio António Aleixo.
Os povos oprimidos pelos regimes comunistas, tal como os oprimidos pelo fascismo e outros regimes de direita reaccionária, ou o nacional-socialismo (nazismo) hitleriano, quiseram a liberdade. Quiseram um mundo novo a sério, tendo corrido do poder os que lá do alto do seu império, em nome da promessa do paraíso terreno iam criando o pior dos infernos. Esses homens têm nome: Lenine, Estaline, Mao Tsé Tung, Ceausescu, Pol Pot, Brejnev, Enver Hodxa, e tantos outros. E não se diga que o mal está apenas no estalinismo, no maoismo, ou no leninismo e não no marxismo. Porque é, então, que em todos os regimes que se reclamavam de Marx foram instauradas férreas ditaduras? O mal não estará no marxismo? Leia-se a última págima do "Manifesto do Partido Comunista", de Marx e Engels, escrito em 1848. Lá está a defesa da violência revolucionária, a defesa da necessidade de sangue para o triunfo do socialismo e do comunismo, a defesa do extermínio da burguesia. O que poderia dar uma ideologia destas no poder? Se Marx tivesse governado algum país, seria mais humanista que os seus sucessores?
INIMIGOS ACTUAIS DA LIBERDADE
Hoje, todavia, os piores inimigos da liberdade, após o fim de regimes fascistas e comunistas em praticamente todo o mundo, são o nacionalismo de carácter fascizante e o fundamentalismo islâmico.
Por Manuel Silva