20.12.04

CUIDADO COM CERTOS INDEPENDENTES...



O Prof. Valadares Tavares, catedrático do IST, foi sempre um independente situado na área do PSD, tendo sido apontado como possível ministro da Educação aquando da formação dos governos de Durão Barroso e Pedro Santana Lopes.

Nos artigos que publica no "Diário Económico" sempre tem defendido posições liberalizantes, críticas dos socialismos e próximas, em termos ideológicos, do PSD.

Espanto dos espantos: esteve presente num jantar promovido pelo PS, na passada sexta-feira, tendo discursado em apoio de José Sócrates, ali presente, enquanto candidato a primeiro-ministro.

Eis mais um caso de certos "independentes" que estão sempre com o poder. Já houve outros. Em 1987, quando se previa que Cavaco Silva venceria as eleições então realizadas, também obteve o apoio de alguns intelectuais independentes que sempre se afirmaram de esquerda, como Rui Feijó ou Manuel Vilaverde Cabral, os quais, posteriormente, regressaram às origens, apoiando o PS.

Outro independente, Nuno Ribeiro da Silva, secretário de estado da juventude e da energia do governo de Cavaco Silva, em 1999, porque lhe cheirava a vitória de Guterres, apareceu a apoiar o PS.

Estes pseudo-independentes têm, de facto, uma enorme capacidade de se adaptarem às mudanças ainda antes de elas acontecerem, desde que sejam previsíveis.

À excepção de Pessoas como João Carlos Espada ou o director do "Público", José Manuel Fernandes, os quais não andam à procura de lugares, nem querem fazer política partidária, apenas se preocupando com o debate e influência de ideias, sempre desconfiei de quem diz "sou independente, situado entre o PSD e o PS". Essa "independência", como se vê, dá para estar sempre com o poder.

Como dizia Pitigrilli, "há intelectuais que lembram as prostitutas que se entregam a Deus quando o diabo já as não quer". Com o devido respeito, acrescento eu, pelas prostitutas...

Por Manuel Silva