Lucio Morando, Il quadro nero del comunismo
No dia 18 de Janeiro de 1934, eclodiu uma revolta na Marinha Grande contra a fascização corporativa dos sindicatos por Salazar.
Aquela revolta foi orquestrada por sindicalistas comunistas e anarquistas. Estes últimos, naquela altura, ainda tinham forte implantação nos meios operários. No entanto, quem acabou por liderar a revolução foram os comunistas, destacando-se entre estes o operário José Gregório, posteriormente destacado dirigente do PCP, o qual morreria na Checoslováquia no final da década de 50.
Os revoltosos constituiram o soviete da Marinha Grande, atacaram a GNR, os CTT e os Caminhos de Ferro, tendo apelado a revoltas e constituição de sovietes em todo o País. O apelo teve pouco eco, facto que aliado à feroz repressão das autoridades policiais, conduziu ao fracasso da primeira tentativa de instauração de um regime inspirado na Revolução de Outubro em Portugal.
A vingança salazarista foi terrível. A maioria dos revolucionários foram encarcerados no Tarrafal, onde alguns viriam a falecer, em consequências das torturas, maus tratos e péssimo clima.
40 anos depois, caía de podre o regime ditatorial. Apesar disso, não foi a oposição radical ou moderada que lhe deu o golpe de misericórdia, mas os militares do MFA.
O PCP, com o apoio de militares que lhe eram afectos tenta a tomada do poder. O primeiro-ministro Vasco Gonçalves (de Julho de 1974 a Setembro de 1975) pertencia àquele grupo de militares. Os comunistas tentam vários novos remakes da Revolução de Outubro, como o cerco à Assembleia Constituinte, já para não falar do discurso de Cunhal aquando do seu regresso, após o 25 de Abril, em cima de um chaimite, numa imitação de Lenine, na sua chegada à Rússia, em 1917. Tiveram uma forte presença no aparelho de Estado e estiveram a um passo do poder. Voltaram a falhar. O povo provou-lhes nas ruas e nas urnas que para ditadura chegaram os 50 anos anteriores.
O 18 de Janeiro significa um marco importante na luta dos trabalhadores pela sua dignidade e contra a prepotência autoritária. No entanto, se os objectivos dos seus dirigentes tivessem êxito, conduziriam a uma ditadura igual ou pior que a salazarista. Provavelmente, muitos dos operários revolucionários seriam das suas primeiras vítimas. Também a quase totalidade dos dirigentes da Revolução Russa foram fuzilados às ordens de Estaline.
Por Manuel Silva
