16.1.05

«Já não há pachorra: vem o ministro (Morais Sarmento) explicar que ponderou demitir-se de um Governo demitido e que está demissionário»
Francisco Louçã
«Público», 12/01/2005

«...0 pleonástico ministro ameaçou demitir-se de um governo demissionário. Fica-nos a dúvida: como é que o que caiu cai da sua própria queda?»
Daniel Oliveira
«Expresso», 15/01/2005

O que acima fica dito mostra como é o discurso populista de certa esquerda verbalmente charmosa e atraente, sobretudo para a juventude. Arranjam-se umas frases engraçadas, que soam bem ao ouvido, mesmo que se tenha que forjar a realidade.

Certamente que Louçã, não sendo constitucionalista, sabe que o Governo não foi demitido. Poderia tê-lo sido, mas não o foi. A Assembleia da República é que foi dissolvida e o Governo pediu, posteriormente, a demissão. Mas o texto fica mais engraçado assim. O trocadilho já não tinha piada se Louçã tivesse sido rigoroso na terminologia...

E o Sr. Oliveira também saberá que, mesmo estando o Governo demissionário, qualquer ministro se pode demitir e ir-se embora deste Governo de gestão. Mas o rigor e a verdade não importam, conquanto o fim seja atendido: escrever umas frases atraentes e giras, que a malta gosta de ler!