25.4.05

DEPOIS DO PSD
TAMBÉM O CDS MUDA DE VIDA
Por Manuel Silva

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A descoordenação governamental e o populismo demogógico, aliados a uma grande ausência de ideias e políticas concretas, de Pedro Santana Lopes, conduziram o PSD a uma pesada derrota no passado dia 20 de Fevereiro.

No congresso que se seguiu, os sociais democratas escolheram a mudança, elegendo Marques Mendes, que além de competente e honesto, sempre se bateu por ideias e valores assentes na social democracia e no que a mesma tem de especificamente nacional, diferente dos partidos sociais-democratas da Internacional Socialista.

O PSD, sob a liderança de Santana Lopes, tinha estado demasiado à direita, tendo alienado o espaço central a Sócrates e ao PS, o que foi fundamental para este partido, pela primeira vez na sua história, ter alcançado uma maioria no parlamento. O novo líder do PSD e a sua equipa constituem uma garantia da recuperação da matriz central e reformista pelo partido, sem a qual não regressará ao poder.

Com a liderança de Manuel Monteiro, sob a batuta de Portas e o "Independente", morreu o CDS conservador e democrata-cristão, inequivocamente integrado no regime democrático, e nasceu um partido radical, próximo da extrema-direita europeia. O seu carácter anti-sistema, parecido ao do BE na esquerda, permitiu-lhe aumentar a votação e obrigar o PSD a uma coligação após as eleições legislativas de 2002, as quais este último venceu sem maioria.

Por um lado, a integração do PP no sistema fê-lo perder votos. Por outro, não conseguiu distanciar-se da descoordenação do govermo a que pertencia, pois aí passou a ter um papel preponderante. Por vezes, mais parecia estarmos perante um governo PP-PSD.

Nas últimas legislativas, o povo português repudiou Santana, mas também Portas e os seus "jovens turcos".

No último fim de semana, os congressistas do CDS/PP perceberam esta realidade, rejeitando a continuação do portismo, com Telmo Correia, e elegendo para líder um dos primeiros militantes do velho CDS, Ribeiro e Castro, inequivocamente democrata, que fez parte do governo chefiado por Francisco Sá Carneiro.

Santana Lopes e Paulo Portas parecem ter passado à história. O PSD e o CDS reocupam os seus espaços originais. Felizmente, para a afirmação de uma alternativa ao neo-guterrismo.

Na oposição ao PS, o PSD e o CDS devem correr cada um por si. No entanto, com uma liderança moderada no CDS, ambos poderão mais facilmente confluir no apoio a um candidato único do centro e da direita democrática, nas presidenciais. Foi muito positiva a afirmação do apoio a uma possível candidatura de Cavaco Silva por Ribeiro e Castro.

Nas próximas legislativas, o PSD deverá concorrer isolado e bater-se pela maioria absoluta. No entanto, se não a conseguir, com o novo/velho CDS será mais fácil fazer uma coligação com vista à aplicação de uma política reformista, liberalizante, acompanhada de forte componente social, e obter o necessário apoio do centro e centro-esquerda. Recordo, a propósito, que a AD, fundada por Sá Carneiro, Freitas do Amaral e Ribeiro Teles, não era uma frente de direita, mas um bloco reformista, que englobava toda a direita democrática, o centro e a esquerda mais moderada.