Por Manuel Silva
Na edição de 27/5/2005 do "Público", Vasco Pulido Valente afirmava que o problema essencial do défice era o "socialismo" e Sócrates, bem como o PS, não o percebiam.
É positiva a decisão de acabar com o sigilo bancário e publicar o que cada pessoa ou empresa paga. Se a eficiência fiscal também aumentar, será mais difícil fugir ao pagamento de impostos e as receitas aumentarão. Só que, o calcanhar de Aquiles das contas públicas não está nas receitas, mas nas despesas. Os gastos do Estado equivalem a quase metade da riqueza criada. Para a reduzir, de forma estrutural, há que reformar o Estado social, diminuindo os seus custos, privatizando serviços para os quais a iniciativa privada está mais vocacionada.
Saúde e educação gratuitas, só devem ser garantidas a quem tem baixos rendimentos. As outras pessoas deverão pagar tais prestações, de acordo com as suas posses, para que os impostos possam baixar, captando investimentos que façam crescer a economia, combater o desemprego e melhorar o nível de vida dos cidadãos.
O primeiro-ministro recusa-se a reformar o Estado-Providência. Para cúmulo, mantém esse cancro, chamado SCUTs. Só assim se explica o aumento de impostos indirectos, como o IVA ou o ISP. O acréscimo verificado neste último reflectir-se-á, certamente, na inflação.
Continuando este caminho, as finanças até poderão estar equilibradas em 2008, mas atrasar-nos-emos, a nível económico e social, relativamente aos nossos parceiros comunitários. Também no tempo de Salazar tínhamos uma boa situação financeira, mas éramos claramente atrasados, a todos os nívies, relativamente às democracias europeias.
O mal está, pois, na ausência de reforma do Estado Social, em nome de um socialismo "light".
Senhor Eng. José Sócrates, também nos planos social, económico e financeiro, olhe menos para Zapatero e mais para Blair.