Por Manuel Silva
O Partido Trabalhista Britânico e o seu líder, Tony Blair, alcançaram ontem uma terceira vitória eleitoral consecutiva, facto inédito na sua história.
Como foi afirmado recentemente na revista "Economist", Blair era "a melhor escolha para o centro-direita".
O novo trabalhismo blairiano continuou a prática de Margareth Thatcher: diminuição do peso do Estado na economia, privatização de alguns serviços públicos, parcerias público-privadas, no plano social, pagamento de propinas aproximadas aos preços reais nas universidades, salvaguardando, no entanto, o apoio a estudantes carenciados, por forma a garantir a igualdade de oportunidades e a liberdade de escolha.
A aplicação desta política e a ruptura com o modelo estatizante do velho obreirismo trabalhista, permitiu, tal como durante os governos de Margareth Thatcher e John Major, um acentuado crescimento económico (claramente acima da média comunitária), uma diminuta inflação e uma baixa taxa de desemprego.
Partidos que ainda se afirmam socialistas, para terem sucesso, prosseguem políticas que nunca foram suas e tidas como de direita. Tal só prova a falência prática dos socialismos.
Bom seria que Sócrates olhasse mais para Blair e menos para Zapatero. Para mal dos nossos pecados, não é esse o seu caminho.
Von Mises, um dos mais destacados teóricos do liberalismo do século XX, aconselhava os liberais a não criarem partidos e a entrarem para os partidos moderados do sistema, a fim de os influenciarem.
Historicamente, houve confrontos e divergências entre conservadores e liberais, no Reino Unido e em todo o mundo. No entanto, foi o velho Partido Conservador, sob a liderança de lady Thatcher, o grande obreiro da revolução liberal dos anos 80. Nos últimos anos, aquele partido virou à direita, defendendo algumas posições anti-europeias. A moderação imprimida por Blair ao Partido Trabalhista levou a que o mesmo ocupasse o essencial do espaço outrora pertencente aos conservadores.
O Partido Trabalhista actual, apesar de um ténue referência ao ideal socialista, para manter certo eleitorado, é a força política mais próxima do liberalismo na Velha Albion. O partido português mais próximo da prática dos trabalhistas é o PSD. É por isso que eu, liberal, se fosse britânico, ontem teria votado no Partido Trabalhista, pelos mesmos motivos que me levaram a apoiar Thatcher, Major e o Partido Conservador nas décadas de 80 e 90.