30.6.05

AFINAL, O DESPESISMO CONTINUA
Por Manuel Silva

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Quem acreditava ser o orçamento rectificativo um documento de rigor e controlo de despesas, a fim de diminuir o défice, estará a esta hora desiludido.

Afinal, as despesas crescem, totalizando praticamente metade da riqueza nacional. Já não falamos da anedótica duplicação de despesas e receitas comprovativas da competência dos responsáveis pelas finanças... Se tal acontecesse com um governo do PSD, o que teria dito já certa imprensa?

O actual governo utiliza os funcionários públicos como bode expiatório para tudo o que está mal e faz passar a ideia de que aumentando a idade de reforma dos mesmos ou retirando-lhes direitos, as finanças públicas entrarão nos eixos. No entanto, a seguir, engorda mais o monstro. É para isto que se pedem sacrifícios?

A revisão do PEC apresentada na UE é demonstrativa de que o desemprego aumentará nos próximos dois anos e apenas em 2009 a economia crescerá 3%.

Sr. Eng. Sócrates, onde está o crescimento médio de 3%/ano? E os 150 000 postos de trabalho? E a garantia de que os impostos não aumentariam? E não diga que desconhecia a situação financeira, pois o PS não se cansava de dizer antes das eleições - no que, aliás, tinha razão - que o orçamento de Santana Lopes e Bagão Félix era fictício e continha muita despesa camuflada.

Como dizia Vasco Pulido Valente em artigo que citei num post anterior, o problema das nossas finanças é o socialismo, ou seja, a recusa da reforma do nosso modelo social, diminuindo os seus custos. Daí o aumento das despesas e dos impostos. Num mundo cada vez mais competitivo, com economias ricas pujantes e países em vias de desenvolvimento, como são os casos dos países de leste, a China, a Índia ou o Brasil, com taxas fiscais baixas, esta política resultará na perda de uma oportunidade soberana de reformar e tornar Portugal num país mais competitivo e próspero. Em 2009, certamente estaremos ainda mais atrasados económica e socialmente relativamente aos nossos parceiros da UE.

Resta a esperança de nessa altura se afirmar uma alternativa reformadora credível que recupere deste atraso.