31.7.05

DEPOIS DE TER IRRITADO O PAÍS,
SANTANA LOPES METE DÓ

Por Manuel Silva

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Em entrevista concedida ao jornal "Expresso" de 30/7/2005, Pedro Santana Lopes diz identificar-se ideologicamente mais com Cavaco Silva, e, na maneira de ser, com Mário Soares.

É a frase mais acertada da entrevista. A candidatura de Mário Soares, a ser vencedora, com as suas teses anti-capitalistas, anti-liberalização comercial, anti-globalização, anti-americanas, procurando, inclusivé, criar um fosso nas relações transatlânticas, típicas de uma esquerda velha e anquilosada, deitada ao caixote do lixo da História pela generalidade dos partidos da internacional socialista, provocaria no país - bem como junto do PS e do governo - uma instabilidade parecida àquela em que Santana Lopes lançou Portugal, a qual esteve na origem da estrondosa derrota que sofreu nas últimas legislativas.

Afirma não ter paciência para cínicos, queques, copos de leite e, ao contrário do que muita gente pensa, diz odiar o social, embora ninguém acredite. É, no mínimo risível. Curiosamente, não diz se tem ou não paciência para autarcas suspeitos (embora se presuma a sua inocência enquanto não houver sentença transitada) de prática de crimes graves no exercício de funções...

Tem o desplante de dizer que Cavaco é resonsável pelas receitas que levaram Portugal ao estado de que todos nos queixamos. É preciso ter lata. Com Cavaco Silva, Portugal atingiu o melhor estado de desenvolvimento económico e social das últimas décadas. Mesmo pessoas de áreas políticas que nada têm a ver com o PSD, reconhecem ter sido Cavaco o melhor primeiro-ministro do séc XX. Guterres, que herdou uma boa situação financeira e económica daquele não tem responsabilidades no estado em que Durão Barroso encontrou as finanças públicas, com ameaça de sanções pela C.E.? O que pretende Santana Lopes? Provocar a derrota da previsível candidatura de Cavaco e a vitória de Soares? De facto, usando uma expressão que lhe é cara, está escrito nas estrelas originar instabiliade e destruir tudo em que toca.

Para cúmulo, admite voltar a ser primeiro-ministro. Se alguém pensa apoiá-lo nesse sentido, fará a mesma figura de alguns idosos comunistas que nas manifestações do 25 de Abril diziam "Vasco (Gonçalves) voltará", muitos anos após a sua saída de chefe de governo.

Uma coisa é não se ter noção dos limites pessoais, outra é viver em esquizofrenia política. Santana Lopes, depois de ter irritado o País, mete dó.