Por Manuel Silva
Em entrevista hoje concedida ao "Público", o coordenador do Bloco de Esquerda (BE), Francisco Louçã, respondendo a uma pergunta se era ou não trotskista, limitou-se a dizer que Trotsky foi importante na denúncia do estalinismo. Acrescentamos nós: Quando comandante do Exército Vermelho, no tempo de Lenine, Leon Trotsky mandou arrasar povoações inteiras e dirigiu o massacre dos marinheiros grevistas de Kronstadt. Desconhece tais episódios, Dr. Louçã? Ou pretende, tal como os seus irmãos/inimigos estalinistas, apagá-los da História?
Acabou por dizer que não foi trotskista, mas marxista. Também aqui reescreve a sua própria vida política. A LCI e o PSR de que foi destacado dirigente faziam parte da IV Internacional trotskista.
Afirma que existiram no BE não marxistas, marxistas que são leninistas, mas não marxistas-leninistas identificados com Estaline. Ou foge, mais uma vez, à verdade, ou não sabe por quem está rodeado.
Os seus parceiros da UDP (hoje associação política) continuam a afirmar-se comunistas. Da mesma UDP faz parte o dirigente do BE, Carlos Marques, líder da Organização Comunista Proletária (Marxista-Bolchevique) Portuguesa - OCP(M-B)P, cuja página na net vem encimada com as fotografias de Marx, Engels, Lenine, Estaline e Mao Tsé Tung. Nos textos de tal página não faltam elogios rasgados a Estaline.
Os bloquistas, pelo voz do seu líder, como Estaline ou Mao, apagam factos da História. Que a juventude apoiante do BE não pense estar perante qualquer nova esquerda, aberta e democrática. Apesar da linguagem "engraçada" e "irreverente", por estes pequenos pormenores constata-se ser o BE a esquerda velha, totalitária e falhada em todo o mundo, representada pelas organizações que lhe deram origem, as quais, aliás, não desaparecerem, hibernaram à espera de melhores dias, enquanto vão utilizando a dupla linguagem de que falava Orwell.
