Por Manuel Silva
Faleceu, com 105 anos de idade, o grande amante da liberdade, Prof. Emídio Guerreiro.
Foi preso e perseguido pelo regime salazarista, tendo vivido exilado durante décadas. Combateu do lado dos republicanos na guerra civil espanhola de 1936-39. Lutou em França contra a besta nazi. Sempre de arma na mão! Naquele tempo, pertencia ao Partido Comunista Português (PCP). Bem cedo, creio que pouco depois da II Guerra Mundial, apercebeu-se do carácter totalitário do comunismo, abandonando aquele partido. Pertencia há longos anos à maçonaria.
Após o 25 de Abril, foi um dos primeiros militantes do PPD, actual PSD, partido de que foi líder interino em 1975, quando, por razões de saúde, Sá Carneiro esteve alguns meses em Londres.
Emídio Guerreiro era um dos dirigentes que procuraram tornar o PPD numa espécie de satélite do PS. Não era essa a via defendida por Sá Carneiro e a esmagadora maioria das bases partidárias, para as quais o termo social-democracia sempre esteve imbuído de um cunho especificamente nacional, significando liberalismo político, liberalização regrada da economia e uma forte pulsão social de combate à pobreza, à exclusão e ao atraso cultural.
Em fins de 1975, Emídio Guerreiro abandona o PPD, criando o MSD, extinto poucos anos depois. Pertenceu ao PRD e, nos últimos anos de vida, estava próximo do PS.
Apesar de divergir das suas convicções políticas, especialmente do seu conceito de social-democracia à Lassale, Bernstein, Kaustky e outros marxistas revisionistas, sempre o vi como um grande democrata que teve um papel importantíssimo na luta contra o salazarismo e o gonçalvismo, inimigos da liberdade.
Contrariamente aos estalinistas de esquerda e de direita, o PSD não o apagou da sua História. O seu retrato continua na sede nacional. Apesar do caminho que seguiu após o abandono do partido, este deve-lhe muito pelas posições que assumiu durante o PREC. É também credor da sua homenagem.
HONRA AO REBELDE E DEMOCRATA INDOMÁVEL DE SEMPRE EMÍDIO GUERREIRO!