11.7.05

OS FACTOS NÃO DEIXAM DE EXISTIR PORQUE NÃO FALAMOS DELES
Por Manuel Silva

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O Senhor Presidente da República afirmou ontem que não se deve falar muito da crise. Fez lembrar o seu camarada de partido, António Guterres, quando, no exercício das funções de primeiro-ministro, varria os problemas para de baixo do tapete, até o país ficar de tanga.

Não é por não se falar de crise que ela deixa de ser sentida, especialmente pelos consumidores, os desempregados, os funcionários públicos e demais trabalhadores por conta de outrem, ou os pequenos e médios comerciantes e indudustriais.

Senhor Presidente, Aldous Huxley, por quem Vª Exª terá certamente admiração intelectual e cultural, mas não político-ideológica, disse um dia: "os factos não deixam de existir só porque os ignoramos". Sophia de Melo Breyner fez um poema cantado por Francisco Fanhais (por eles Vª Exª terá grande consideração política e cultural) que começava assim: "vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar..."

A crise não é, pois, para ser ignorada, mas enfrentada e ultrapassada, com políticas liberais às quais seja intrínseca uma forte componente social. Ou seja, em grande parte diferentes das de José Sócrates.