1.4.07

O cartaz único...

...valeu o seu peso em ouro por cada centímetro quadrado de papel. Teve direito de abertura de noticiários na rádio, horário nobre na televisão, declaração do Governo, da Procuradoria, discursos inflamados na Assembleia, condenações partidárias e um balde de tinta atirado por um amador que quis tapar o cínico "boa viagem" que o cartaz desejava aos imigrantes que lá saíam avião fora. Não passa pela cabeça de todos estes "democratas" que a liberdade de expressão só tem sentido se defender o direito de alguém dizer aquilo de que não gostamos, dentro da lei. E se a lei não permitisse um cartaz como o do PNR, não seria uma lei da democracia. (...) O cartaz foi tratado como se fosse um perigo público. Não é. É a expressão de uma atitude muito minoritária (mas a crescer) que atribui aos imigrantes "maus" a insegurança e o desemprego de muitos portugueses, o que, pura e simplesmente, não é verdade. Se se pensa que esta posição é apenas a do PNR, está-se muito enganado: ainda há pouco tempo Paulo Portas expressou posições semelhantes, e muita gente no PCP, no PS e no PSD pensa o mesmo, embora não o diga. Não é por acaso que se atiram com veemência contra o cartaz do PNR, porque é um exorcismo que estão a fazer.