17.9.07
Nem a "pequena Maddie" escapa a um sinal do Mal, a uma marca demoníaca, o seu sinal de nascença num olho riscado, uma coisa para que há trezentos anos se olharia com muita atenção e nenhuma inocência. E se nada disto for verdade, a acusação se revelar ser falsa, os McCann inocentes e duplamente vítimas? E se a história estiver mais perto da "honra perdida de Katarina Blum", da vitimização conspirativa de uma polícia que não consegue descobrir os raptores, associada ao festim mediático, que mais do que mães dolorosas deseja mães criminosas com todo o dolo do mundo? Pode ser, mas para o espectáculo pouco importa. A não ser que apareça Maddie com os seus raptores, numa história suja mas limpa de ambiguidades, a suspeita pairará sempre sobre os McCann, porque esta é a natureza deste tipo de espectáculo, onde ninguém sai ileso e não há reparação possível. Nem nós, que perdemos discernimento, distância, razão, equilíbrio, num mundo dominado pelo Pathos.