23.9.07

O Panteão é um monumento de «glórias da pátria» muito localizadas no tempo, e quase todas politizadas. Vejam bem a lista: quatro presidentes da República (Teófilo, Arriaga, Sidónio, Carmona), um militar tornado político (Delgado), três escritores (Garrett, Junqueiro e João de Deus) e uma fadista (Amália). Tirando Garrett, todos os outros são discutíveis. Junqueiro é um poeta hoje caído no esquecimento (era considerado «maior que Camões» no seu tempo e teve funerais colossais). De João de Deus, ficou a lembrança nostálgica da «Cartilha Maternal» e quase nenhuns versos. Arriaga e Teófilo, os dois primeiros presidentes, fazem sentido; mas Sidónio (com quem simpatizo) foi um golpista e Carmona iniciou o regime autoritário. Delgado está como representante do «antifascismo» (e porque foi assassinado); foi objectivamente uma figura importante, mas nem pouco mais ou menos uma «grande figura». Amália representa um dos três efes (Eusébio talvez vá para o panteão, e Lúcia teria ido se tivesse morrido antes de 1974).