13.9.07

A tese de Keen é que múltiplos aspectos do nosso saber e da nossa cultura milenar (refere-se essencialmente à cultura do Ocidente) estão a ser postos em causa pela potenciação que as novas tecnologias associadas à rede estão a dar à ignorância presumida de saber, ao "amador" que pensa que pode competir com o profissional (seja jornalista, seja crítico literário, seja cientista, seja especialista de qualquer área do saber), apenas porque pode livremente e sem edição colocar num blogue o que lhe vem à cabeça; pela erosão do direito de autor pela pirataria generalizada na rede, com o consequente desinvestimento em produtos culturais caros (por exemplo a produção de CD com um grande investimento em estúdio e qualidade da gravação); pela vulgarização do plágio; pela impossibilidade de no mundo digital se "autenticar" a verdade, com o crescimento da virtualidade da Second Life em detrimento da primeira, etc, etc. O mundo obscuro dos avatars, das identidades virtuais em rede, não apenas deu um teatro tão gigantesco como eficaz às pulsões criminosas, desde a "fraude nigeriana" até ao phishing, passando pela pedofilia, como permitiu outro tipo de fraudes intelectuais como seja a falsificação artificial dos contadores de audiências dos blogues, os truques para se colocar bem uma página nos motores de busca, as falsas notas em blogues cujo objectivo é promover produtos pela sua citação, ou seja, toda uma série de práticas que fora da rede seriam consideradas enganadoras e fraudulentas e controladas pela lei e pela regulação. Keen mostra com exemplos como é possível moldar a realidade em rede usando os comentários anónimos, desenvolvendo formas anónimas de campanhas ad hominem, usando mil nomes de caixa de comentário em caixa de comentário, marcando temas e pessoas tidas como "inimigas", ou autopromovendo-se com elogios que se fazem passar como sendo de terceiros.