...a ascensão do "economês" na política e no jornalismo traduzem a crise do referente político-ideológico, por um lado, porque este se transformou num mundo estereotipado de metáforas mortas, desgastado comunicacionalmente; por outro, porque a iliteracia política também cresceu com a ascensão ao poder das "juventudes" partidárias, formadas num jargão utilitário muito reduzido no seu vocabulário e na sua instrumentação teórica. Futebol e economia, jornais desportivos e imprensa económica fornecem chavões e palavras de encher o ouvido, que todos entendem porque lêem e vêem o mesmo, logo funcionam como lubrificante do discurso. Quem é que não percebe quando se diz que "o PS meteu um golo na sua própria baliza", ou que no PSD há agora um CEO e um chairman, como repetiam à exaustão os jornalistas no último congresso do PSD? Passou-se pois assim do relvado e do mister para os players no mercado eleitoral, ou seja, o que antigamente chamávamos "o povo".