6.12.07

Em Lisboa ninguém gosta de Mugabe. Porquê? Porque bate na oposição e alterou as leis necessárias para se conservar indefinidamente no poder? Mas Chávez, na Venezuela, faz e tenta fazer o quê? Chávez e Mugabe pertencem à mesma espécie: revolucionários eleitos, mas decididos a usar o poder do Estado, da forma mais violenta, para que nenhuma eleição possa levar a uma alternância no governo. Um em África e outro na América, ambos apresentam a sua governação revolucionária como uma etapa da “luta de libertação nacional” que para um começou há cinquenta anos e para o outro há duzentos. Dentro do seus países, manipulam o rancor étnico e social contra antigas oligarquias. Ao nível dos respectivos continentes, exploram o hábito das elites dominantes para procurarem legitimidade em ofensivas quixotescas contra os moinhos do “imperialismo”. Então, porquê festejar um e desprezar o outro? E não estou a falar apenas do governo, mas também dos que, entre nós, estão sempre prontos para simpatizar com os libertadores socialistas do Terceiro Mundo.