Alexandra
Título original: Aleksandra
De: Aleksandr Sokurov
Com: Galina Vishnevskaya, Vasily Shevtsov, Raisa Gichaeva
Género: Dra
Classificação: M/12
FRA/RUS, 2007, Cores, 90 min.
Título original: Aleksandra
De: Aleksandr Sokurov
Com: Galina Vishnevskaya, Vasily Shevtsov, Raisa Gichaeva
Género: Dra
Classificação: M/12
FRA/RUS, 2007, Cores, 90 min.
"HABITUALMENTE dividida, para efeitos de análise, em três blocos — o «ciclo das elegias» (Elegy of Life), o «ciclo da família» (Mãe e Filho) e o «ciclo do poder» (Moloch) —, a obra recente do russo Aleksandr Sokurov parece encontrar na sua nova encarnação um ensejo para sublinhar a unidade estética, ética e metafísica que nunca lhe faltou, debruçando-se ao mesmo tempo sobre as relações de poder, sobre os afectos familiares e sobre a condição decaída ou decadente do homem."
"O programa de trabalhos desta vigésima quarta longa-metragem do realizador esconde-se no seu título: Alexandra, nome universal que designa etimologicamente «a defensora dos homens». Expliquemo-nos: história da peregrinação de uma avó (a Alexandra do título) que abandona a sua casa em São Petersburgo para visitar o seu neto na frente de batalha da Tchetchénia (e note-se que a rodagem decorreu «in loco»), o filme de Sokurov desloca o conflito militar para fora do campo da representação a fim de ficar a sós com o olhar transfigurado e transfigurador de uma mulher que descobre e desafia, através da sua amizade com uma tchetchena, um mundo de homens destituído de afectos. Produto de uma concepção religiosa e salvífica do cinema, Alexandra prefere, como noutros filmes de Sokurov, a entrevisão mística à retórica política e os dramas eternos às tramas temporais (por isso se reduzem aqui ao mínimo as referências à actualidade). "
"Dirão alguns que, preterindo os factos narrativos em prol de um olhar metafísico, o filme redunda em modorra. Damos de barato: para além da frágil presença de uma anciã capaz de reconciliar os opostos pelo afecto (Rússia e Tchetchénia, homem e mulher) e de nos devolver o espanto pela existência, aqui «no pasa nada». Já agora: a menos que Andrei Tarkovsky ressuscite, não veremos outro filme assim em 2008."
Vasco Baptista Marques, Expresso de 14/06/2008
Vasco Baptista Marques, Expresso de 14/06/2008