Está toda a gente a fazer de conta, a começar pelo governo, que não existe hoje um grave problema de ordem pública em Portugal. Tudo na paralisação das empresas de camionagem é ilegal e ninguém quer saber. Impedir a circulação e bloquear estradas é ilegal, organizar piquetes que impedem com violência os camiões de passar é ilegal, e tudo isto é feito diante dos olhos dos agentes da GNR que passivamente assistem não se sabe bem para quê. Presumo que terão instruções para não prenderem ninguém, para não irem ver de onde vieram as pedradas, para garantir a passagem de quem quer passar e são bastantes os que o desejam fazer. Eu sei que no governo estão os que foram para a Ponte 25 de Abril incitar ao bloqueio e participar nele, mas deixar que o império da força se instale nas ruas e estradas paga-se muito caro. Os sinais que estão a ser dados são todos de fraqueza do estado e da lei.
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Uma das notas mais intrigantes a propósito da "greve" selvagem dos camionistas é o comprometedor silêncio do PSD, suposto líder da oposição e candidato ao Governo. Nada sobre o protesto, nada sobre os seus excessos violentos. Só que nestas circunstâncias, o silêncio é cúmplice.
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Os media já compreenderam que não há greve nenhuma (ou páras ou levas uma pedrada), o governo também já deve ter percebido que um camião não é uma traineira. Menos mal. Cavaco teve os irmãos Pinto, também camionistas e bloqueadores. É a vez do PS deparar com a espontaneidade dos movimentos milimetricamente organizados. Toca a todos.
O PSD deve instar o governo a cumprir a lei, ao contrário do que fez o PS na Ponte 25 de Abril (como bem lembra o Pacheco Pereira). Se o governo não sabe - ou não pode - que fique registado em acta.
O PSD deve instar o governo a cumprir a lei, ao contrário do que fez o PS na Ponte 25 de Abril (como bem lembra o Pacheco Pereira). Se o governo não sabe - ou não pode - que fique registado em acta.