8.8.08

Alguns comentadores na blogosfera defendem a actuação da polícia dizendo que salvou a vida dos reféns. Mas há que notar que um assaltante não é um assassino. Nada move os assaltantes contra os reféns. A função dos reféns para um assaltante é de servir de barreira entre ele e o seu dinheiro roubado, e a polícia. Não é racional para o assaltante diminuir o tamanho dessa barreira, assassinando reféns.

O único efeito positivo para o assaltante que resulta de assassinar um refém, é o de tornar a ameça sobre os restantes reféns mais credível, fortalecendo a barreira. Mas o assaltante só retira este benefício se tiver na sua posse três ou mais reféns. Se apenas possuír dois, como no caso de ontem, assasinar um deles tem um efeito nulo na credibilidade da ameaça, na medida em que a polícia sabe que o assaltante não tem qualquer incentivo a assassinar o último refém, ficando desprotegido. Ao aceitar libertar o terceiro refém, os assaltantes revelaram não haver qualquer ameaça de vida sobre os restantes dois. O assassinato dos assaltantes foi em vão.

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Os bancos têm sistemas de segurança que minimizam os custos de cada assalto. As notas estão marcadas, os stocks de dinheiro são reduzidos, os cofres são seguros, existem câmaras de segurança e a lei pune o crime. Qual é então o ganho, do ponto de vista da dissuasão e da protecção de bens, de se encurralar assaltantes armados dentro de um banco cheio de potenciais reféns?

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Videos do Público e da TSF.