14.12.08

Há no PSD um núcleo de patriotas indefectíveis disposto a fazer tudo para impedir que o partido leve a melhor nas eleições. Basta ouvi-los na televisão ou na rádio durante alguns segundos, ou lê-los nos jornais ao longo de escassas linhas. É uma gente com alma de criada de servir que só sabe dizer mal da patroa nas lojas da vizinhança. Aposta muito mais venenosamente na desagregação da imagem de Manuela Ferreira Leite e do PSD do que o próprio PS. Está desesperada e disposta a tudo. Todas as semanas se manifesta, sob os pretextos mais idiotas e nas formulações mais ranhosas e rasteiras. E todas as semanas dispõe de larga cobertura de uma comunicação social tão prazenteira a anunciar as suas leituras, quanto superficial e leviana a passar à margem do que é realmente importante ou a analisar o fundo das questões.

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A crise do PSD não nasceu na última sondagem por muito que isso convenha às facções internas para quem a simples explicação conjuntural, - a culpa é de Manuela Ferreira Leite, - não só chega como é conveniente. Nas dificuldades do PSD não conta, segundo eles, o passado, a imagem que a maioria dos portugueses têm da experiência governativa Barroso – Portas – Lopes, não conta a fuga de Barroso, não contam as peripécias do governo Lopes – Portas, não contam os sucessivos escândalos com sobreiros, submarinos, casinos, não contam os financiamentos ilegais, não conta a imagem do grupo parlamentar escolhido por Santana Lopes, não conta o “menino guerreiro”, não contam as histórias do BPN, não conta a “estratégia” de desgaste de Passos Coelho sempre apresentada como sendo de uma benévola expectativa, não contam os impropérios raivosos de Menezes, resumindo e concluindo, não conta a imagem pública pelas ruas da amargura do PSD como partido político, isso não conta nada. O PSD não sobe porque Manuela Ferreira Leite faz gaffes, e apenas por isso. Compreendo muito bem este ponto de vista que anima as facções internas, visto que falar de outras coisas atira demasiado a luz sobre os próprios que as omitem.