15.12.08

O Dia Em que a Terra Parou
Título original: The Day The Earth Stood Still
De: Scott Derrickson
Com: Kathy Bates, Keanu Reeves, Jennifer Connelly
Género: Drama, Ficção Científica
Classificação: M/12
EUA, 2008, Cores, 92 min.

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"NO INÍCIO dos anos 50, O Dia em que a Terra Parou de Robert Wise foi um marco no caminho da ficção científica cinematográfica. Narrava a história de uma nave que descia à Terra com um ser sob forma humana e um robô gigantesco que, em nome dos outros planetas habitados da nossa galáxia, nos vinham avisar que o estado bélico em que nos encontrávamos punha em risco a paz cósmica. Em nome de todas as civilizações extraterrestres, ele trazia um ultimato: ou acabávamos com o potencial mortífero ou seríamos aniquilados. O enviado das estrelas — ou seria do próprio Deus? — vinha dizer ao mundo que a insanidade tem limites. No início dos anos 50, O Dia em que a Terra Parou era uma fita que contrariava a Guerra Fria, a obsessão dos militares na corrida aos armamentos e a histeria anticomunista que grassava na América, ao mesmo tempo que abria uma enorme esperança e maravilha: não estávamos sós no Universo, a paz e a harmonia eram possíveis. Tudo sem grandes efeitos especiais, pois os recursos da época eram limitados e, além disso, na sua essência, tudo se passava mais na esfera dos sentimentos e da decifração dos personagens que na dos meios espectaculares."

"Mais de 50 anos volvidos, a 20th Century-Fox foi desenterrar o velho e exímio argumento de Edmund H. North dotando-o de adaptações aos nossos dias (é assim que, por exemplo, o problema dos humanos já não é a guerra, mas a destruição do planeta, mudando o foco da atenção do espectador). E como, nos tempos que correm, filme de ficção científica sem muitos efeitos especiais parece não fazer sentido, lá os temos em grande escala, mostrando-nos, mais uma vez que, em matérias de grafismos gerados por computador, não há limites. (Porque será que, havendo meios tecnológicos é preciso usá-los, mesmo que isso provoque estrondo onde deveria aparecer subtileza e inteligência?) Curioso: Wise terá pegado no filme dos anos 50 por não ter quinquilharia associada — era uma história de gente. Meio século depois é precisamente a quinquilharia que toma conta do ecrã. Ao invés, o extraterrestre mal consegue perceber como nós, os humanos, somos feitos, psicologicamente, embora seja essa percepção que nos salva do apocalipse. No decorrer da acção do filme, muito pouco dessa especificidade aparece. Keanu Reeves fecha o rosto e parece um robô (mas, como conhecemos o actor demasiado bem, o processo soa a falso). Jennifer Connelly é muito bonita e o pequeno Jaden Smith obviamente querido — e mais não se lhes pede."



"Vale isto tudo para dizer que se houvesse por aí a edição em DVD do filme de Wise se aconselharia aqui a sua aquisição. Mas não há. Serve também para dizer que o «remake» de Scott Derrickson que esta semana estreou é negligenciável? Não se irá tão longe assim. Atendendo a que o cinema é sobretudo um meio de entretenimento, a verdade é que O Dia em que a Terra Parou é bastante competente nessa função e há-de servir para ocupar alguns sábados à tarde com um balde de pipocas — e sem pensar em nada de especial."
Jorge Leitão Ramos, Expresso de 13/12/2008