21.5.09

LOCAL
São Pedro do Sul

O Bem Amado, no Cine-Teatro S. Pedro...

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...o Cénico – Grupo de Teatro Popular de S. Pedro do Sul está em cena com a sua mais recente produção teatral. Trata-se de “O BEM AMADO”, adaptação a partir do texto original da autoria de Dias Gomes, com o mesmo título e encenado por Jaime Gralheiro.

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O BEM AMADO é uma peça de teatro escrita por Dias Gomes, em 1962 e publicada em 1963, e que virou telenovela em 1973, produzida pela Rádio Globo (Brasil) e exibida em Portugal, com grande êxito nos fins dos anos 70. Dias Gomes foi um dos maiores dramaturgos brasileiros do século XX, ao lado de Nelson Rodrigues e Ariano Suassuna (bem conhecido do Cénico, através do Auto da Compadecida, já duas vezes montada por este grupo).

Em O BEM AMADO Dias Gomes recria a vida de uma vilória do Nordeste brasileiro onde impera um político corrupto e oportunista (Odorico Paraguaçu) que assentou toda a sua campanha de assalto ao poder na promessa da construção de um cemitério o qual se verificou, depois, nem ser assim tão necessário, pois não havia mortos que o justificassem...

Toda a trama da peça se desenrola através da luta por um morto que dê razão à campanha de Odorico, seguida pelos seus apaniguados (as irmãs Cajazeiras e Dirceu Borboleta, um atrasado mental que vive de caçar borboletas). A Oposição aparece, na peça, encabeçada por Neco Pedreira, dono e editor de um jornal local, A Trombeta, onde são denunciadas as manobras demagógicas (“demagogistas” como na peça se diz) de Odorico.

Depois de ter tentado vários subterfúgios para inaugurar o cemitério, Odorico acaba por contratar um cangaceiro (Zeca Diabo) para que este produza a “matéria-prima” tão necessária ao funcionamento do tão falado cemitério. E é a partir daqui que as coisas se complicam ainda mais para Odorico.

No fim, verificamos que o discurso “demagogista” de Odorico Paraguaçu é retomado pela Oposição (Neco Pedreira) que, feitas as contas, é tão bom como ele...

Nesta charge, Dias Gomes denuncia e castiga, através do riso e do ridículo, os vícios de uma sociedade podre, onde os políticos inventam falsas necessidades para terem na mão um povo ignorante e mal esclarecido (que era a situação então existente no Brasil e em Portugal).

Quarenta e tal anos depois, verificamos que, tendo mudado muita coisa, no fundo no fundo, nos jogos da política, muito pouco mudou...
Jaime Gralheiro

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ELENCO (por ordem de entrada):
Rui Almeida - "Chico Moleza";
Licínio Oliveira - "Dermeval / Coronel Hilário Cajazeira";
João Carlos Gralheiro - "Mestre Ambrósio";
Fernando Figueiredo - "Zelão / Ernesto";
Conceição Rocha - "Rezadeira";
Mário Almeida - "Coronel Odorico Paraguaçu";
José Carlos Chã - "Vigário";
Carla Baptista - "Doroteia Cajazeira";
Carina Vale - "Dulcineia Cajazeira";
Liliana Rodrigues - "Judiceia Cajazeira";
João Gonçalves - " Dirceu Borboleta";
José Correia - "Neco Pedreira";
Joaquim Cardoso - "Zeca Diabo";

TÉCNICOS:
Ponto - Mabilde Correia;
Luminotecnia - Carlos Santos / Rui Almeida;
Sonoplastia - Francisco Santos;
Guarda-Roupa – Conceição Chã
Arranjo Musical - Miguel Ângelo;
Musica – Jaime Gralheiro / Francisco Santos
Design Gráfico Cartaz - Paulo Lemos Quintela;
Ajuda à Produção – Serafim Santos, Jorge Santos, Rui Ávila e Conceição Rocha

Encenação - Jaime Gralheiro

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Breve historial do Cénico – Grupo de Teatro Popular

O Cénico – Grupo de Teatro Popular de São Pedro do Sul, foi fundado em Setembro de 1971, pelos percursores Jaime Gralheiro, José de Oliveira Barata, Manuela Cruzeiro Barata e um grupo de jovens com vontade de fazer teatro. Antes do 25 de Abril de 1974, vingar nesta área constituía um trabalho agreste. Até o nome do próprio grupo era posto em causa. Por essa razão, nos primórdios, o grupo foi denominado de “Grupo Cénico da União Desportiva Sampedrense”.

O 1º espectáculo apresentado pelo grupo foi o “Auto Da Compadecida” (1971). Sete apresentações bastaram para a Censura “entrar em cena”. O Cristo negro, agregado a outros temas polémicos para a altura – como a sátira a padres e bispos, a sacristães oportunistas, cangaceiros e prostitutas – foram riscados pelo lápis azul.

Mesmo com os estatutos aprovados, em 1972, pelo Governador Civil de então, outro espectáculo voltou a ser censurado – “Sapateira Prodigiosa”. A Igreja e os políticos vincaram a sua condenação. Era necessário o veredicto do “Exame Prévio”, a censura.

Depois dos êxitos de “Na Barca Com Mestre Gil” (1973-74), “Arraia Miúda” (1975-77) e “O Homem Da Bicicleta” (1977-78), o Cénico com a ajuda dos actores do grupo, incutiu o gosto pelo o teatro e a formação de novos actores, especialmente na área dos mais novos, aparecendo a partir dessa altura peças de teatro com actores jovens.

O Cénico já foi agraciado com prémios de encenação e representação de adultos e na área infantil. Em 1995, o Cénico foi o representante nacional no 10º F.I.T.E. (Festival International de Théâtre d'Enfants), em Toulouse – França.

O Cénico, desde a sua fundação até ao presente ano já levou mais de três dezenas de apresentações à cena, entre peças para adultos, para crianças e leituras encenadas. [Folha de Sala]