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Louçã não sabe - ou talvez prefira não dizer - como vai (em democracia) acabar com a "desigualdade social" e a "exploração". Nacionalizando os meios de produção, à boa maneira chinesa e soviética? Ou alargando o Estado providência até ao (curto) limite do possível? Por enquanto, só sabe - e só diz - que "há um fracasso do regime económico" porque "há um fracasso do regime político". E, surpreendentemente, também acha que a "elite que nos governa", uma elite "tentacular" e degenerada, é a grande responsável por esse "problema estrutural". A propósito, cita Antero (que, de certeza, não leu ou percebeu), sem lhe ocorrer que subscreve, em nome do Bloco, uma das mais reaccionárias teorias sobre o atraso do país. Claro que o Bloco, coitado, se julga a nova elite.
O resto são as banalidades do costume: a falta de "um projecto nacional", a "divergência da Europa", o orçamento-zero, o "diálogo" com Manuel Alegre, as vantagens do debate na Internet, as coligações (particularmente com o PS), a "palavra-chave" da campanha" ("responsabilidade"?), a renovação urbana, o desemprego, os serviços de informação, o BCP, o TGV, o aeroporto de Lisboa e por aí fora até à proverbial "ganância" do capitalismo. O Bloco é um buraco, um vazio, um intervalo. Ou, mais precisamente, é o refúgio de quem não quer votar PC ou já não quer votar PS e por qualquer razão, sentimental ou outra, detesta a direita. Tirando o palavreado e a pretensão de virtude, não existe. O que não impede que a 27 de Setembro seja capaz de acabar com Sócrates. Como ele, aliás, merece." Vasco Pulido Valente, Público de 28/08/2009