18.8.09

Up - Altamente + Parcialmente Nublado
Título original: Up
De: Pete Docter
Argumento: Bob Peterson, Pete Docter
Com: Edward Asner (Voz), Christopher Plummer (Voz), Jordan Nagai (Voz)
Género: Animação, Comédia
Classificacao: M/4
EUA, 2009, Cores, 97 min.

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"AO PRINCÍPIO parece ser mais uma história de miúdos a sonhar com aventuras, ela azougada e impertinente, a puxar pelo desejo de viver, ele mais gorduchinho e atado, fascinado por aquela parceira estimulante. Mas depois a história acelera subitamente e a vida daqueles dois vai por aí fora, em movimento pressuroso — numa sequência sem palavras que, por si só, chegaria para pôr “Up — Altamente!” na categoria de muito bom cinema —, até à velhice, à morte, à solidão, à amargura e ao sofrimento. Como? Velhice, morte, solidão, amargura e sofrimento num filme de desenhos animados com a chancela Disney e a estrear em pleno Verão? Exactamente! Claro que, depois, há sorrisos, tontarias, uma viagem de maravilha com uma casa transportada pelos ares, erguida do chão por balõezinhos coloridos cheios de hélio, criaturas patuscas, paisagens mágicas, cães que falam e um herói dos livros que se revela um vilão dos piores."

"Mas a fita — que tem como protagonista Carl Fredricksen, um velho de 78 anos a tentar cumprir o que a vida não lhe autorizara, uma promessa de aventura feita à falecida mulher — nunca deixa de ter, por detrás da féerie, o peso de emoções veras, nem sempre felizes. Na mesma onda navega Russell, o jovem companheiro, um miúdo com alma de escuteiro e a férrea determinação de ganhar o crachá de ajudar velhinhos. O andar do filme mostrará nele a tristeza profunda de ter um pai ausente."

"No fundo, no fundo, “Up — Altamente!” é uma história de afectos, que por serem muito fundos são também doloridos e tão comoventes que nos deixam, aqui e ali, com um nó na garganta. De afectos ou da sua falta, já que ninguém me tira da cabeça que Charles Muntz, o velho aventureiro solitário que se revela um diabólico vilão, se tornou assim porque ficou sozinho com a sua corte de mastins robotizados e deixou que o egoísmo e a cobiça se apoderassem da sua alma."

"“Up — Altamente!” materializa de novo a magia suprema de um cinema de animação que pratica a imaginação transbordante, o rigor narrativo, a última palavra no estado da arte e a ruptura com o infantilismo e que cada vez mais se afirma como um espectáculo onde o tradicional conceito de ser ‘para toda a família’ assegura uma linha de sustentação que é, de forma nítida, para a faixa dos adultos. Isto sem perder a capacidade de atrair os miúdos, o que tem acontecido: a prova está nos quase 370 milhões de dólares que já rendeu nas bilheteiras de meio mundo, ainda faltando explorá-lo no outro meio."



"Vale a pena chamar a atenção para um dos talentos que está por detrás deste filme — Pete Docter —, o que é tanto mais justo quanto os filmes de animação são, as mais das vezes, conhecidos pela marca da fábrica. Mas as fábricas de ficção não são só constituídas por operários, também têm autores. Docter esteve na escrita de “Toy Story”, “Monsters Inc.” e “Wall.E” e foi o realizador principal de “Monsters Inc.” antes deste “Up — Altamente!”, onde partilha argumento e realização. Fixem este nome." Jorge Leitão Ramos, Expresso de 15/08/2009