Desgraça
Título original: Disgrace
De: Steve Jacobs
Com: Jessica Haines, John Malkovich, Scott Cooper
Género: Drama
Classificação: M/16
África do Sul/Austrália, 2008, Cores, 120 min.
Título original: Disgrace
De: Steve Jacobs
Com: Jessica Haines, John Malkovich, Scott Cooper
Género: Drama
Classificação: M/16
África do Sul/Austrália, 2008, Cores, 120 min.
"TANTO quanto sei, esta segunda longa metragem de Jacobs constitui, apenas, a segunda tentativa de adaptação ao cinema de uma obra de Coetzee. O facto é estranho, dada a notoriedade do autor, mas compreensível, dado que a escrita clínica de Coetzee, operando por sobreposição de sentidos, reivindica um olhar despojado e capaz de conciliar, num mesmo plano, o particular e o universal, o político (a situação da África do Sul, neste caso) e o religioso (a salvação do homem, neste caso). Desse ponto de vista, este filme vale, sobretudo, pela sua capacidade de interpretar criativamente o(s) sentido(s) do livro."
"Quem conhece o livro de Coetzee saberá, aliás, que o sentido da história de David Lurie (Malkovich) — professor de literatura numa universidade da Cidade do Cabo que procurará refúgio na quinta da filha depois de se envolver com uma aluna — se articula em três etapas: uma tese (a ordem do eu cativo do seu próprio egoísmo), uma antítese (a desordem do eu cativo da violência dos outros) e uma síntese (a desordem ordenada do eu despojado de si). Trata-se aqui de um conflito entre o sujeito e o mundo que Jacobs encena através de um jogo de contrastes entre o sentido disruptivo das imagens e a composição geométrica dos planos (como se o filme reflectisse a necessidade em que se encontra o protagonista de instalar uma ordem no caos), e que a mise en scène resolve através de uma operação de descentramento-recentramento das personagens no quadro. De facto, ao longo do filme, o centro dos quadros — de início habitado em exclusivo pela figura de Lurie — será objecto, ora de uma drenagem que projecta o protagonista para as margens ora de uma recolonização que o convida a partilhar o centro com outros."
"Precisávamos de um olhar ‘destes’ para fazer justiça a um livro ‘daqueles’." Vasco Baptista Marques, Expresso de 24/10/2009