21.10.09

É verdade que em nome das religiões foram cometidos excessos, que serão sempre reprováveis e foram-no já bastas vezes pelas igrejas, no que aos erros e pecados dos respectivos agentes e seguidores diz respeito.

Mas alguém ouviu Saramago alguma vez criticar essa terrível heresia que é o comunismo, doutrina que ele serve e que provocou mais de cem milhões de mortos às mãos dos seus sequazes?

Alguém alguma vez ouviu Saramago mostrar arrependimento por, durante o verão quente de 1975, ter saneado mais de uma vintena de jornalistas do Diário de Notícias apenas porque estes não se submetiam à sua disciplina comunista, afastando-os sem qualquer indemnização, apesar de muitos deles trabalharem há largos anos nesse jornal?

Alguém alguma vez ouviu Saramago reconhecer a abjecção das suas declarações sobre críticas que os cegos fizeram ao seu filme “Ensaio sobre a Cegueira”, de que “as manifestações de protesto vêm de gente que infelizmente não pôde ver o filme” ou sobre “uma associação de cegos que decide ter uma opinião sobre um filme que não viu”?

E que dizer da sugestão de Saramago de Portugal deveria ser “mais uma província de Espanha?”, quando a esta pergunta retorquiu: “Seria isso. Já temos a Andaluzia, a Catalunha, o País Basco, a Galiza, Castilla la Mancha e tínhamos Portugal”.