Um Ano Mais
Título original: Another Year
De: Mike Leigh
Com: Jim Broadbent, Lesley Manville, Ruth Sheen, Peter Wight, Oliver Maltman, David Bradley
Género: Drama, Comédia
Classificação: M/12
Outros dados: GB, 2010, Cores, 130 min.
Título original: Another Year
De: Mike Leigh
Com: Jim Broadbent, Lesley Manville, Ruth Sheen, Peter Wight, Oliver Maltman, David Bradley
Género: Drama, Comédia
Classificação: M/12
Outros dados: GB, 2010, Cores, 130 min.
"No início do novo filme de Mike Leigh, há um rosto sem nome que, enquadrado em grande plano contra um fundo branco que impede a referência a um espaço-tempo preciso, se vai contraindo num esgar de angústia. Trata-se — percebê-lo-emos depressa — do rosto de Janet (Imelda Staunton), uma mulher de meia-idade que vai respondendo às insistentes perguntas de uma assistente social com a ansiosa exigência de uma prescrição de soporíferos capaz de lhe domesticar as insónias. Depois, a câmara do cineasta abandona-a à sua sorte, deriva por momentos entre diversas personagens sem se fixar em nenhuma delas e apenas voltará a trazê-la à nossa presença por mais uma vez, alguns planos mais tarde, para confessar que aquele aparente primeiro capítulo não passava, afinal, de um prólogo sem sequência visível cuja função parece consistir em estabelecer, desde logo, o tom emocional e o ritmo interno do filme (marcado por personagens em busca de uma salvação e por constantes descentramentos narrativos)."
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"Talvez seja por causa disso que, no decurso daquela magnífica sequência final (iniciada através de um travelling circular à volta da mesa de jantar onde os dois casais se desdobram em ‘projetos de futuro’), Leigh vai extenuando de forma progressiva a presença da banda-som para nos deixar a sós com o silêncio de Mary — fantasma emparedado numa solidão incomunicável que, por meio do seu olhar perdido no vago, nos diz, com uma velhinha canção dos Smiths: “Life is very long, when you’re lonely.” Não é essa a mensagem que, à sua maneira, o rosto de Janet nos havia feito chegar logo no início? E não é esse o verso que o cinema de Leigh vem incessantemente recitando desde “Bleak Moments” (1971)?" Vasco Baptista Marques, Expresso de 29/01/2011