2.3.11

Somewhere - Algures
Título original: Somewhere
De: Sofia Coppola
Com: Stephen Dorff, Elle Fanning
Género: Drama, Comédia
Classificação: M/12
Outros dados: JAP/EUA/ITA/FRA, 2010, Cores, 95 min.

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"Os primeiros planos de “Somewhere” sugerem um espaço e um tempo de inércia. Os italianos chamam-lhe dolce far niente e os Coppola devem saber do que falam. É verão em Los Angeles. Reina uma calmaria sedutora, mas grave. Sofia é uma cineasta fortíssima na construção deste tipo de ambientes, como se o mundo estivesse por instantes a rodar a uma velocidade inferior ao normal e os seres e as coisas atordoados por um efeito de invulgar apatia. Os gestos são lentos, os diálogos escassos. “Somewhere” é um filme sobre o ócio, coisa que tem a sua dignidade mas nem por isso particular valor cinematográfico — a originalidade do filme também vem daqui. E não tardamos a conhecer o ocioso, Johnny Marco (Dorff). É ator de filmes populares, imagina-se que daqueles com pancada de criar bicho. Anda com a pinta de um Steve McQueen. Tem o braço engessado. É um bon vivant, o nosso Johnny. Passa a vida em hotéis e não são dos baratos (já falámos do Château Marmont, local mítico do cinema americano por onde passaram Robert Mitchum, Nicholas Ray, Dennis Hopper e tantos outros). Nos quartos desses hotéis, recebe ‘bailarinas ao domicílio’ e não lhe faltam outras ao virar da esquina. Mas o que Johnny, que está em pausa entre dois filmes, gosta realmente é de estar ao pé da filha de 11 anos, Cleo (Elle Fanning), que observa a aborrecida vida milionária do pai, silenciosamente, mas sem indiferença. Da mãe, não se sabe quase nada. É muito educada, a menina Cleo. Depois, Johnny pega na filha e — como Sofia sabe o que é tratar o luxo por tu — leva-a para Milão, para outro hotel, o Principe di Savoia, novo conto de fadas. Não se passa muito mais. Será ‘isto’ um filme que valha leões de ouro?"

"“Somewhere” terá seguramente uma influência biográfica, embora nem Johnny seja o pai Coppola nem Cleo a sua filha cineasta. Porém, embora esta seja uma obra de ficção, Sofia sabe que pode operar com ela uma espécie de metamorfose melodramática. Digamos que Sofia não fala muito, mas"


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Francisco Ferreira, Expresso de 26/02/2011