26.4.12

Um Amor de Juventude
Título original: Un Amour de jeunesse
De: Mia Hansen-Løve
Com: Lola Créton, Sebastian Urzendowsky, Magne-Håvard Brekke
Género: Drama, Romance
Classificação: M/12
Outros dados: FRA/ALE, 2011, Cores, 110 min.

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""Um Amor de Juventude” arranca com uma simplicidade tocante. Com Sullivan e Camille. São adolescentes. Trocam-se promessas de amor e juras de morte se esse amor acabar. Conhecemos a história, toda a gente a conhece: tem a idade do mundo. Depois, Sullivan parte para uma viagem pela América do Sul — está à procura de si próprio. É incapaz de se enraizar num sítio. Camille fica. Chegará à faculdade. Encontrará outras companhias, nova paixão. Os anos passam, num tempo justo, à medida que aquele primeiro amor se vai tornando fantasma. Voltarão a encontrar-se, os amantes, já na vida adulta, num tempo deslocado, mas ainda preso à memória do que já aconteceu, do que já foi. Não será difícil imaginar que, da parte da realizadora francesa Mia Hansen-løve, o filme tem o seu quê de autobiográfico."

"“Um Amor de Juventude”, terceira longa-metragem desta cineasta de 31 anos após “Tout est pardonné” (2007) e “O Pai das Minhas Filhas” (2009), não escolhe propriamente o caminho de ‘integração’ mais fácil no cinema francês. Gostávamos de nos demorar um pouco aqui. Mia está muito longe de um cinema comercial de carreira com modelos formatados. Mas está igualmente longe de um cinema de autor francês preocupado em restituir o real e em que nada mais do que o real pode acontecer — neste ponto, é um filme ‘contra a corrente’. O que procuram os seus filmes, afinal? Uma fluidez narrativa em que não fixaremos planos mas conseguiremos recordar sequências. Uma direção de atores (sublime o papel de Lola Créton) que se entrega ao romanesco e nele procura, não uma forma prática para contar uma história, mas a forma pertinente de contar uma vida. No caso, as vidas de Sullivan e Camille. A vida de uma paixão e da sua dissolução."

"Os filmes anteriores de Mia, que tardavam a esclarecer-se e a convencer, já falavam da passagem do tempo, da melancolia, da autodestruição (eram autodestrutivas as figuras do pai em “Tout est pardonné” e “O Pai das Minhas Filhas”). Desta vez, acredita-se que a cineasta foi mais longe. Encontrou um tempo terno, subtil, outras vezes cruel, em que os sentimentos pouco a pouco se constroem. Ganhou a coragem de filmar uma cena de amor físico e de projetar a sua própria experiência, quando descobrimos, neste subtil filme de época, que a ação se passa entre 1999 e 2000."



"Haverá um momento do filme em que chegaremos com Camille à fonte de um rio (é o Loire), que só pode ser um rio de infância. Camille descobrirá aí que compreender a vida é saber deixar-se levar por ela. Também Mia Hansen-løve, artista ainda a meio caminho, tem procurado compreender o mesmo. Tem sabido deixar levar-se pelos filmes. “Um Amor de Juventude” é aquele que mais realça, e com uma rara transparência, uma sensação de vida oposta às imitações do cinema." Francisco Ferreira, Expresso de 24/03/2012