6.5.12

Os Piratas!
Título original: The Pirates! Band of Misfits
De: Peter Lord, Jeff Newitt
Com: Hugh Grant (Voz), Salma Hayek (Voz), Jeremy Piven (Voz)
Género: Animação
Classificação: M/4
Outros dados: GB/EUA, 2012, Cores, 88 min.

Photobucket



"Londres, 1837. A rainha Vitória governa um imenso império e detém poderes sobre os sete mares. Mas, lá longe, nas Caraíbas, os piratas desafiam a sua soberania e ela odeia-os por isso. Entre eles está o Pirata Capitão que não tem nem perna de pau, nem olho de vidro, nem cara de mau — à frente de uma tripulação peculiar que, como ao longo do filme se verá, não consegue pilhar coisa alguma (eles abordam, sucessivamente, um navio pestífero com marinheiros a quem já caem bocados do corpo, outro com miúdos em visita de estudo, um terceiro com nudistas, acabando por atacar um... navio-fantasma). Este personagem de barba luxuriante e uma íntima vontade de ser famoso tem uma mágoa: nunca conseguiu ganhar o troféu de Pirata do Ano, galardão atribuído em noite de grande espetáculo a quem mais tiver saqueado. Este ano, todavia, vai mesmo candidatar-se, apesar de correr o risco de ser humilhado. Mal sabe ele que, quando decide que ‘este ano é que é’, está prestes a partir numa aventura inimaginável."


"Charles Darwin, a rainha Vitória, o último dodó milagrosamente sobrevivo, o Homem-elefante e até um jantar diabólico onde só se consomem animais em vias de extinção entram por este filme de animação com que a Aardman regressa aos extraordinários bonecos de plasticina e aos cenários ‘reais’ (isto é, construídos como adereços em matérias palpáveis — casas, barcos, espadas, bandeiras & etc.), que fizeram a sua imagem de marca. Agora casa-os com animação digital e junta a tudo isso a filmagem em 3D que nos faz entrar ainda mais naquele universo mágico de incontáveis brinquedos. São 340 personagens e 220 mil adereços que demoraram mais de quatro anos de trabalho a produzir e dezoito meses a filmar — uma dimensão criativa nunca antes atingida pela produtora de Peter Lord. Visualmente, uma festa! Mas se essa faceta lúdica é esfuziante para qualquer espectador que não se tenha esquecido do que é ser menino, o melhor de tudo é que o argumento e os diálogos não nos tratam como crianças, muito pelo contrário: a quantidade de piadas, de referências, de citações que precisam de bastantes anos de vida e de interesses cruzados para se degustarem por inteiro é incalculável."



"Isto não quer dizer que os miúdos não achem graça a “Os Piratas!”, quer só indicar que as mais saborosas camadas de significação em que o filme se divide estão reservadas aos mais crescidos. Por isso, a opção tomada pelo distribuidor de apenas estrear o filme no nosso país em versão dobrada em português afigura-se pouco avisada. Não que a dobragem seja deficiente, longe disso (cabe até um voto de louvor à equipa de intérpretes liderada por Cláudia Cadima). Mas, mesmo sem ter visto a versão original onde pontuam as vozes de Hugh Grant, Salma Hayek ou Imelda Staunton (para só citar os nomes mais conhecidos), estou disposto a apostar que há jogos de palavras de difícil transposição (a menos que da Aardman tenham desaparecido talentos, o que não é de crer), ou seja, que há uma perda no processo de dobragem. Não haver uma única cópia em exibição com a versão original legendada é política que dissipa uma componente de público adulto que, num filme como “Os Piratas!”, é capaz de não ser tão marginal como se pensa." Jorge Leitão Ramos, Expresso de 28/04/2012