12.5.12

Sombras da Escuridão
Título original: Dark Shadows
De: Tim Burton
Com: Johnny Depp, Michelle Pfeiffer, Eva Green, Helena Bonham Carter, Christopher Lee, Chloë Grace Moretz
Género: Comédia
Classificação: M/12
Outros dados: EUA, 2012, Cores, 113 min.

"Senhoras e senhores, meninos e meninas (rufar de tambores), permitam-me que vos apresente o nunca visto e sempre aguardado circo de horrores de Tim Burton (aplausos)! Vampiros, bruxas, fantasmas, lobisomens, cientistas loucos, uma mansão gótica, maldições e feitiços e um nunca acabar de sorrisos e gargalhadas cúmplices estão à vossa espera! É entrar, senhores, é entrar. Vejam coisas que nunca viram, como a bruxa com pele de casca de ovo. Vejam muito mais coisas que já viram e a que este filme presta vénia e homenagem: a casa que escorria sangue, o vampiro que se ergue do túmulo numa impossível rotação do corpo de 90 graus, até Christopher Lee, o velho patriarca de tantos estremecimentos nos filmes da Hammer que víamos no Eden e no Politeama, em Lisboa, é convocado."


"Vejam a mais movimentada cena de sexo da história do cinema entre um vampiro que esteve dois séculos fechado num caixão de ferro e uma bruxa que desde sempre sonhou seduzi-lo. No chão, no teto, nas paredes, lacerando todas as superfícies com as garras eretas, em amplexos de uma violência sem igual, num ardor que reduz a estilhas cenário e adereços, os dois seres demoníacos só não põem o ecrã em brasa porque a grande cena do incêndio está guardada para o final."


"O cinema de Tim Burton sempre foi uma complexa mistura de comédia e de fantástico, umas vezes pendendo mais para o lado do riso (às vezes até de mais, como “Marte Ataca!”), outras fazendo calar o humor, nem que seja por momentos, para fazer emergir um sopro de negrume, lirismo pálido, estremecimentos emocionais (e são os seus filmes maiores: “Eduardo Mãos de Tesoura”, “O Grande Peixe”). Em “Sombras da Escuridão”, Burton assume a comédia desde o primeiro minuto, sem nos deixar espaço para vacilar — a complexa ‘máscara’ de Johnny Depp, com aquela pele maquilhada por inteiro e aquelas farripas de cabelo perfeitamente desenhadas na testa, não consente dúvidas quanto ao registo em que nos devemos situar —, e mesmo quem não faça a mínima ideia de onde o filme vem (uma para adolescentes nos anos 60) percebe que a ideia é divertirmo-nos e que o realizador facilita que o façamos com inteligência."


"Saboroso é o trabalho dos intérpretes, em especial Depp (bem longe da autoindulgência que, às vezes, mina as suas prestações) e Helena Bonham Carter (Mrs. Burton, na vida real, e a quem o marido parece divertir-se em metamorfosear até ao delírio, filme atrás de filme), mas também Eva Green numa boneca sedutora que Burton acaba por tomar à letra e tratar como tal – todos levando terrivelmente a sério o que é uma deliciosa e fausta brincadeira para animar a nossa primavera e, por isso, potenciando o seu infindável bom humor." Jorge Leitão Ramos, Expresso de 12/05/2012