20.11.12

 

O Substituto
Título original: Detachment
De: Tony Kaye
Com: Adrien Brody, Christina Hendricks, Marcia Gay, Lucy Liu
Género: Drama
Classificação: M/12
Outros dados: EUA, 2011, Cores, 97 min.


"Há algo de tenebroso, de confissão à beira da morte ou do desvario, qualquer coisa a anunciar apocalipses para os dias de agora. Este é um filme vertiginosamente grave, narrativamente sagaz — parece não saber para onde ir, mas nunca o largamos —, sobre o estado das coisas numa certa população jovem, de que a família não se ocupa, a quem a escola não interessa, por quem o futuro não tem respeito. O protagonista é um professor substituto, dos que saltam de escola em escola preenchendo ausências, que nunca se quis fixar num sítio, que vive sozinho a angústia de a vida não ser outra coisa. Não é, portanto, um filme a acariciar a boa consciência dos professores (dos que pensam que podem fazer a diferença), porque é exatamente o inverso — um filme em estado de desespero, porque não acredita que essa diferença possa ser efetiva. “O Substituto” grita, então, por socorro? Grita, mas não é por si que o protagonista grita, é por todos aqueles que têm pais indiferentes, ausentes ou abusivos, por todos os que só querem o calor de um afeto verdadeiro, de um abraço que console (coisa que, como o filme mostra, nenhum professor pode fazer sem correr o risco de graves acusações de assédio — e, portanto, não faz). Grita sem muita confiança que o ouçam, num estado de solidão insuportável, grita por cima de todas as carapaças, de todos os cinismos, de todos os jogos políticos, de todos os silêncios e de todas as impotências."
"“O Substituto” é um filme terrível que, tal como “América Proibida” (o mais conhecido trabalho de Tony Kaye), não tem solução para os males que deteta, mas não se cala. Adrien Brody, no protagonista, é pungente, bem ladeado por um naipe de atores de invulgar craveira." Jorge Leitão Ramos, Expresso de 17/11/2012