A ENTREVISTA DE SÓCRATES NA RTP E O ESTALINISMO DE DIREITA DO GOVERNO

Violar o pacto de estabilidade e crescimento, incentivar a malandrice, permitir que se entre em universidades com 1,5 valores e no Politécnico com 0 valores, nivelando o ensino pela mediocridade, deixar aumentar o nº de pessoas em lista de espera para serem operadas, será puxar o País para cima? Quanto às paixões assolapadas de Guterres pela saúde ou a educação, estamos falados.
Dizia também o mentor de José Sócrates ser a droga o inimigo público nº 1 do seu governo. Na mesma entrevista, o novo líder socialista disse que foram alcançados grandes avanços no combate à droga. Tal afirmação é mais risível que o sorriso falso e de plástico que ostentou durante toda a entrevista.
Se é certo ter razão na falta de rumo, descoordenação e sinais contraditórios do governo Portas/Santana, quanto à política futura nada disse sobre o que pretende fazer na fiscalidade, na economia, na educação, na saúde, na agricultura, na indústria, no comércio, na política externa. É outro bluff igual ao actual primeiro-ministro.
Falou em choque tecnológico. Porque não investiu o governo de que fez parte em tecnologia quando a situação económica e financeira herdada dos governos do Prof. Cavaco Silva e as condições externas eram boas? Além de reformas essenciais, como as que o governo de Durão Barroso fez e iniciou, na segurança social, na administração pública, na educação ou na saúde, também naquele aspecto o guterrismo adiou o futuro, preferindo construir 10 estádios de futebol, cujo custo dá para multiplicar por 10 o investimento em ciência e tecnologia. Nem no tempo de Salazar o nosso país esteve tão futeboleiro e, o que é mais grave, se viu a presente relação promíscua entre futebol, patos bravos da construção civil e autarquias. A carapuça só assenta em quem tem cabeça para a levar...
Afirmou ainda a necessidade de uma reforma fiscal que combata a fraude e evasão. Mas então as medidas adoptadas por Sousa Franco não iam nesse sentido? Assim, o líder socialista reconhece o falhanço do governo a que pertenceu nesta matéria.
Como se pode facilmente constatar, o socratismo é um guterrismo recauchutado. O pior é que poderá chegar ao poder nas próximas eleições legislativas, menos por mérito e mais por demérito do actual governo CDS/PSD, cada vez mais desacreditado e em desespero de causa, como se pode ver pelas reacções aos críticos.

Espera-se que o principal responsável pela constituição deste governo, o Senhor Presidente da República, lutador democrata de hoje e de sempre, trave a irresponsabilidade, a falta de sentido de Estado e o autoritarismo da gente a quem deu posse no passado dia 17 de Julho.
Por Manuel Silva