6.10.04

O VELHO PS

O Congresso do PS realizado no último fim de semana em Guimarães não deu origem a um novo partido. Este PS é a continuação do guterrismo de que Sócrates foi figura de destaque. Se houve "socialismo" que fez mal ao nosso País foi o "socialismo" do sorriso de plástico guterrista. Viu-se a situação financeira e económica herdada daquele, a qual esteve na origem de medidas impopulares e difíceis, mas que se impunham para reequilibrar as finanças públicas e retomar a credibilidade perdida por Portugal devido a tal política.

No discurso de encerramento, José Sócrates aproveitou as falhas e o amadorismo do governo e, principalmente, a impreparação do primeiro ministro. No entanto, quando fala contra as taxas moderadoras, o fim das SCUT, ou a necessidade de mais investimento nos últimos anos, está a defender a continuação do despesismo, o que a ser aplicado teria lindas consequências, como sabe qualquer leigo na matéria.

Apesar de ser mais moderado que Manuel Alegre ou João Soares, Sócrates não tem uma ideia nem um projecto para o futuro de Portugal e dos portugueses. A sua moção e parte daquele discurso relativo ao futuro são uma série de banalidades de que toda a gente fala, não mostrando como realizá-las. Quanto a políticas financeiras, parece (aqui, o que parece é mesmo) defender o sol na eira e a chuva no nabal, parafraseando um ditado popular.

Apesar de na parte económica ter deitado o socialismo para o caixote do lixo da História, continua a defender um Estado Providência caro e anquilosado, o qual, para ser mantido, conduz ao défice e desincentiva o investimento, aumentando a pobreza em vez de a diminuir, talvez por receio de de que os trabalhadores imitem os capitalistas e se aburguesem...

Sócrates fala na necessidade de um choque tecnológico. No entanto, foi ele o arauto da construção de dez estádios para a realização do Euro/2004. O que se gastou nesses estádios dava para multiplicar por 10 o investimento em ciência e tecnologia. O custo de cada um desses estádios dava para construir 7 ou 8 hospitais. Porque fez aquela opção? Porque poderíamos perder a organização do campeonato europeu? A aposta na ciência e tecnologia ou a construção de hospitais não será mais importante para o nosso futuro que uma prova futebolística que durou 3 semanas? Quanto a investimento trecnológico, Sócrates deveria, antes de falar, pensar que pela boca morre o peixe.

Este é o PS velho que faliu com a fuga de Guterres. Escolher Santana Lopes/Paulo Portas ou José Sócrates, como dizia e bem, na última edição da SÁBADO, Constança Cunha e Sá, é escolher entre nada e coisa nenhuma.

Por Manuel Silva