Por Manuel Silva
Navegava, há dias, na NET e deparei com um site intitulado "leftist parties in Portugal". Abrindo tal site deparo com um grupo desconhecido que dá pelo nome pomposo de Organização Comunista Proletária (Marxista-Bolchevique) Portuguesa [OCP(M-B)P].
Por curiosidade, li os textos da organização, sempre encimados pelas fotografias de Marx, Engels, Lenine, Estaline e Mao Tsé Tung.
Constatei tratar-se de um grupo que em 1992 não aceitou a extinção do PC(R) - Partido Comunista (Reconstruido) - aquando do fim do regime comunista na Albânia, o "sol da Terra", para aquele partido que tinha como "frente de massas" a UDP.
A OCP(M-B)P tem como objectivo imediato criar um partido idêntico ao extinto PC(R) e defende os velhos dogmas marxistas mais ortodoxos: ditadura do proletariado, socialização da economia, tendo como fim a sociedade comunista e a chamada herança de Estaline, ao qual não poupa elogios.
O primeiro secretário da organização é, nem mais nem menos, que Carlos Marques, figura histórica da UDP, candidato a PR em 1991 e actual dirigente do Bloco de Esquerda.
Nas últimas autárquicas, Carlos Marques encabeçou a lista bloquista à Assembleia Municipal de Lisboa.
O BE bem pode dar uma aparência moderada, não falar em comunismo ou ditadura proletária e dizer que aceita as regras do parlamentarismo, que tal não passa de atitude de gato escondido com o rabo de fora.
O PSR e a UDP passaram a associações políticas. Que saibamos, Francisco Louçã nunca cortou com o trotskismo. A UDP continua a definir-se como comunista. Uma das suas componentes é a OCP(M-B)P. O próprio Carlos Marques continua também a ser um dos principais responsáveis da UDP.
Entre os deputados do BE contam-se três militantes da UDP: Luiz Fazenda, ex-destacado dirigente do PC(R), Helena Pinto e Mariana Aiveca.
Como se pode ver, os bloquistas não mudaram tanto como parece. O BE não constitui uma nova esquerda, mas a esquerda velha e decrépita que falhou em todo o mundo.