Por Manuel Silva
Depois de ataques perpetrados por fundamentalistas islâmicos nos EUA, Espanha, na Indonésia e em diversos outros países, foi agora a vez de a Inglaterra ser atingida com atentados em transportes públicos que mataram dezenas de cidadãos.
Os autores destes hediondos crimes têm ódio à democracia, à liberdade, ao mercado, ao laicismo, à herança iluminista e à liberdade religiosa, ou seja, aos valores ancestrais que permitiram o progresso social e económico reinante no mundo livre. Querem impôr uma teocracia reaccionária e obscurantista igual à que conduziu a chamada Santa Inquisição, no Ocidente, há quatrocentos anos.
Felizmente, na Europa, tivemos a Reforma Protestante, a aceitação pela Igreja Católica do estado laico, e essa grande revolução que foi o Concílio Vaticano II.
Ainda hoje conhecemos certos católicos mais papistas que o Papa que também são intolerantes, além de profundamente hipócritas, que não toleram o laicismo, a maçonaria, incluindo a moderada, à qual só adere quem acreditar em Deus, e pregam moral com a qual não são nada coerentes (são esses mesmo em que o leitor estará a pensar. Bem ouve as suas diatribes).
No entanto, tais árvores, felizmente, não fazem a floresta. Se Cristo cá voltasse, certamente os expulsaria, porque não passam de vendilhões, da casa do Seu e Nosso Pai. A doutrina oficial e a prática da Igreja não vão nesse sentido, pelo que tal gente anda a falar para as paredes.
Nos países árabes moderados, os estados não são laicos, mas toleram as outras religiões. Até esses são vistos como "infieis" por Bin Laden e a sua corja.
Se os povos oprimidos pelo fundamentalismo vivem na miséria não o devem ao capitalismo e ao Ocidente, mas a Bin Laden, Saddam e outros sátrapas que os oprimem.
Inimigos da liberdade e da civilização ocidental são também os manifestantes anti-globalização que na mesma altura dos atentados contestavam o capitalismo e a "democracia burguesa". Entre estes haivia cultores do ódio e da violência revolucionária, como certas correntes anarquistas - o terror de esquerda começou precisamente com os anarcas, no século XIX - e maoistas. Viram-se ali cartazes do MRI (Movimento Revolucionário Internacionalista), espécie de Internacional maoista, onde pontificam o Sendero Luminoso peruano ou o PC(M) do Nepal, organizações guerrilheiras que têm efectuado massacres de milhares de pessoas. O MRI tem os seus representantes em Portugal. Não é o PCTP/MRPP, o qual nunca teve aceitação nestes movimentos. Já a China maoista apoiava o PCP(m-l) e a Albânia, de Enver Hohxa, o PC(R)/UDP. É um grupo de dissidentes de esquerda do MRPP. Veja-se a PÁGINA VERMELHA na net, que está lá tudo muito bem explicado.
Aquando das comemorações do 10 de Junho, em Guimarães, um grupo "de cidadãos", além de pinturas nas paredes, distribuiu um comunicado ofensivo do PR e dos agraciados com comendas.
Esse comunicado foi publicado na dita PÁGINA VERMELHA. A linguagem ali utilizada é típica de um indivíduo de Guimarães, que pertenceu, durante muitos anos, ao comité central do PCTP/MRPP, o qual abandonou há alguns anos.
A resposta dos governos e entidades militares e policiais face a estes actos bárbaros deve ser firme. Com esta gente não há diálogo. Se forem apanhados, deverão ficar sujeitos um castigo exemplar. No entanto, a democracia não poderá usar os mesmos métodos dos terroristas, pois tal será dar-lhes força moral. Tal combate deverá ser enquadrado dentro das regras de um Estado de Direito.