Por Manuel Silva
O prémio Nobel da literatura deste ano foi atribuido a um tal Harold Pinter, dramaturgo britânico. O leitor algum dia ouviu falar em tal personalidade?
Pelo que vi na imprensa, é um feroz crítico das políticas de Reagan, Thatcher e Bush.
Mas o nosso leitor já ouviu, certamente, falar do peruano Mário Vargas Llosa e de obras suas, tais como "História de Mayta", "Lituma nos Andes", "Conversa na Catedral", "A Tia Júlia e o Escrevedor", "Festa del Chibo" e tantas outras.
Lembram-se os menos jovens de ter visto a primeira telenovela na RTP, "Gabriela", inspirada no livro "Gabriela, Cravo e Canela", do brasileiro Jorge Amado. Conhece o leitor, deste autor, livros como "Tieta do Agreste", "O Cavaleiro da Esperança" e outros.
Sabe que são grandes escritores. Um, Jorge Amado, infelizmente já morreu. Nunca lhe foi atribuido tal prémio. O mesmo aconteceu mais uma vez com Vargas Llosa. É que ambos abandonaram os partidos comunistas onde militaram. Jorge Amado continuou a ser de "esquerda". Vargas Llosa tornou-se liberal, admirador de Reagan e Thatcher.
Isto só prova a politização do Prémio Nobel da literatura. Não é por mérito próprio que o mesmo se obtém. Mais parece ser um consolo pela derrota que a História infligiu aos agraciados.
