Que a Rússia de Putin não é recomendável em matéria de direitos humanos e liberdade de expressão, eis um truísmo que qualquer observador racional atesta sem esforço. Mas também ninguém pedia a Sócrates que transformasse uma certa amoralidade diplomática numa lição de moralidade política. Bastava-lhe não tocar nessas lodosas matérias. Infelizmente, o primeiro-ministro não se conteve e desatou a vergastar o ‘Ocidente’, de que ele presumivelmente faz parte, por criticar os desmandos de Moscovo. ‘Ninguém ensina nada a ninguém’, disse Sócrates, que pelos vistos não apenas tolera a deriva autoritária da Rússia como a considera perfeitamente legítima e ao mesmo nível das democracias liberais onde ele vive e governa.
Expresso, 02/06/2007