Mas a remodelação mostra mais: a ano e meio de eleições, o primeiro-ministro deixou de pensar no país. Começou a pensar no partido e nas esquerdas. E na melhor forma de os unir e arregimentar. Não por acaso, as escolhas de Sócrates pretendem contentar a oposição interna (Ana Jorge) e a oposição externa (Pinto Ribeiro), um gesto que não se explica apenas pela crescente contestação à esquerda. Explica-se, sobretudo, com a inexistente oposição à direita, o que permite a Sócrates preocupar-se apenas com o seu quintal. É o retrato perfeito da política caseira.
João Pereira Coutinho, Expresso de 02/02/2008
João Pereira Coutinho, Expresso de 02/02/2008