Ligações Perigosas
Título original: State of Play
De: Kevin Macdonald
Com: Russell Crowe, Ben Affleck, Rachel McAdams
Género: Drama, Thriller
Classificacao: M/12
EUA/FRA/GB, 2009, Cores, 127 min.
Título original: State of Play
De: Kevin Macdonald
Com: Russell Crowe, Ben Affleck, Rachel McAdams
Género: Drama, Thriller
Classificacao: M/12
EUA/FRA/GB, 2009, Cores, 127 min.
"KEVIN MACDONALD, um dos melhores documentaristas da actualidade (ganhou o Óscar em 1999 com “One Day in September”), que passou para o cinema narrativo e nos deu recentemente dois excelentes filmes, um no primeiro campo (“Touching the Void — Uma História de Sobrevivência”) e outro no segundo (“O Último Rei da Escócia”), apresenta-nos agora o que se pode considerar como uma das melhores abordagens ao trabalho jornalístico no cinema, género que tem, na sua lista, títulos de prestígio, como “Os Homens do Presidente”, de Alan Pakula, ou “Boa Noite, e Boa Sorte”, de George Clooney. Porém, o que mais aflora em “Ligações Perigosas” é o cinema clássico do género, que foi uma das melhores manifestações do cinema liberal que emerge em Hollywood em épocas de crise: os anos 30 da Grande Depressão em “Five Star Final”, de Mevyn LeRoy, denúncia da imprensa sensacionalista, ou o começo dos anos 50, durante as perseguições à esquerda americana, sendo a imprensa apontada como o último reduto na defesa das liberdades fundamentais, como é o caso de dois filmes paradigmáticos deste tema: “A Última Ameaça”, de Richard Brooks, e “Park Row”, de Samuel Fuller, ambos de 1952."
"“Ligações Perigosas” é a versão cinematográfica de uma série britânica, de 2003, e conta a história do trabalho de investigação de um jornalista, Cal McAffrey (Russell Crowe), para o jornal “Washington Globe”, sobre a morte de uma investigadora (e amante, como depois saberemos) de um congressista republicano que integra uma comissão de inquérito a uma corporação especializada em trabalho de segurança e de mercenários, no que é uma referência ao que actualmente acontece na área da defesa e segurança, interna e externa (caso do Iraque, como é lá referido), e que envolve negócios de milhões. A tragédia liga-se a uma outra ocorrida pouco antes, o assassínio de dois homens nas ruas da cidade (o filme começa com esta cena, de um dinamismo e ritmo notáveis). McAffrey é um antigo colega de universidade do congressista Stephen Collins (Ben Affleck), que a corporação quer silenciar através do escândalo da sua ligação com a investigadora, que vai pôr em causa o seu casamento. Auxiliado por uma jornalista da parte online do jornal, Della Frye (Rachel McAdams), McAffrey vai-se aproximando perigosamente da verdade, que implica um dos mais influentes congressistas republicanos. Dentro do melhor estilo do thriller, ao suspense bem trabalhado junta-se também a habilidade para surpreender o espectador."
"É a sua linguagem clássica e clara e a visão idealista da função da imprensa como instrumento para a busca e exposição da verdade que aproxima este filme de “A Última Ameaça”. Há outras curiosas coincidências: a situação de crise que vive o jornal e o papel da chefe de redacção (um pequeno mas forte papel para Helen Mirren), que coincide com o de Ethel Barrymore no filme de Brooks. O que os distingue tem a ver com a ‘marca’ do tempo, com um retrato mais cínico de algumas personagens no filme de MacDonald. Mas em ambos os casos o que perdura é a visão idealista e o sinal de confiança que o filme transmite sobre o poder da imprensa bem aplicado." Manuel Cintra Ferreira, Expresso de 20/06/2009