11.8.09

Passos Coelho pensa saber o que quer para o país (na realidade não sabe, nem nunca ousou anunciar o que quer que fosse de relevante ou mais ou menos coerente para além do pauperismo inerente a meia dúzia de banalidades «liberais» apreendidas nas universidades de Verão, ao longo de anos de militância como jotinha) e tem uma noção de si próprio tão desajustada e divertida (é divertida aquela pose de diplomata com voz de James-Mason-da-linha) como a de Manuel Monteiro quando anunciava a refundação do sistema democrático com o projecto da Nova Democracia.

Desde que Manuela Ferreira Leite ganhou as eleições no PSD (...) Pedro Passos Coelho achou por bem voltar à fase das «opiniões» e, dentro do estilo estou-aqui-estou-me-a-passar-mas-não-consigo-porque-sou-um-pouco-plástico, decidiu opinar sobre si próprio e a sua não escolha (em sim mesmo um portento de desinteresse e humildade). Esperaria o quê? Que Manuela Ferreira Leite o colocasse no Parlamento? Que eu saiba, os compromissos e as alianças de natureza política fazem-se com base em critérios de confiança, cumplicidade e lealdade orgânica. Pedro Passos Coelho ficou de fora? Ficou e, do ponto de vista de um líder partidário, bem. Com esta atitude Manuela Ferreira Leite demonstrou coragem (era bem mais simples «passar-lhe a mão pelo pêlo» a troco de uma paz podre) e, acima de tudo, demonstrou que não é hipócrita. Teria sido imprudente caso o preterido fosse uma sumidade com créditos firmados, dono de uma «estrutura» intelectual inestimável. Parece-me não ser o caso.