A Morte de Carlos Gardel
Título original: A Morte de Carlos Gardel
De: Solveig Nordlund
Com: Rui Morrison, Teresa Gafeira, Celia Williams, Carlos Malvarez
Género: Drama
Classificação: M/12
Outros dados: POR, 2011, Cores, 85 min.
Título original: A Morte de Carlos Gardel
De: Solveig Nordlund
Com: Rui Morrison, Teresa Gafeira, Celia Williams, Carlos Malvarez
Género: Drama
Classificação: M/12
Outros dados: POR, 2011, Cores, 85 min.
"Há, no romance de António Lobo Antunes que Solveig Nordlund fez seu para realizar o filme mais pessoal de toda a sua obra, uma vertigem de sofrimento, um mal-estar de vida, um desencontro abissal entre as pessoas, entre as pessoas e o passado, entre as pessoas e a realidade que as circunda — sempre feia e áspera, para vomitar. Solveig aplanou um pouco os abismos entre os personagens para se centrar eminentemente num, a morte de um filho (Carlos Malvarez, na foto, com Teresa Gafeira), e no que isso faz a Álvaro, o pai, um realizador de cinema que nunca lhe ligou muito mas que agora se desmorona por inteiro, ali, à nossa frente. Outros personagens convergem: Cláudia, a mãe do rapaz, alemã (Celia Williams, penteada como a realizadora era há três décadas), com um companheiro jovem que quase tem a idade do filho; Graça, a irmã de Álvaro (Teresa Gafeira, com um papel para nos lembrarmos dela no cinema), médica, que vive com uma mulher muito mais nova que lhe faz a vida negra; mas, de facto, é Álvaro (Rui Morisson, sempre credivelmente natural, a mostrar que não é preciso histrionismo para figurar o mais entranhado desespero) o verdadeiro Cristo de uma via-sacra em que a vítima sacrificial, por uma vez, não é quem morre."
"A fuga para o tango, para essa improvável aliança com o ‘Carlos Gardel português’ (belíssimo contributo de Ruy de Carvalho às emoções de um filme que não tem vergonha de as ter a rodos), é uma espécie de preenchimento da vida por uma rêverie consciente e absurda, um esgar mais do que um sorriso, uma faca a fingir de véu — uma feérie tão triste que nos faz verter uma lágrima antes de desatarmos a aplaudir o filme. E, se me disserem que é para esconjurar a dor expressando um entusiasmo incomensurado, eu não digo que não." Jorge Leitão Ramos, Expresso de 24/09/2011