2.4.12

A Dama de Ferro
Título original: The Iron Lady

De: Phyllida Lloyd

Com: Meryl Streep, Jim Broadbent, Olivia Colman

Género: Drama, Biografia
Classificação: M/12

Outros dados: GB, 2011, Cores, 105 min.

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"Há uma astúcia primordial no filme que a realizadora Phyllida Lloyd e a argumentista Abi Morgan dedicam à vida do mais marcante chefe de Governo britânico da segunda metade do século XX, Margaret Thatcher: tudo começa quando a Dama de Ferro, já sofrendo da doença mental que a atacou após uma série de crises menores em 2002, se encontra num estado confuso onde a sanidade e a demência coexistem. Ou seja, o filme abre com uma grave constatação sobre a vanidade do poder, sobre a fragilidade humana de uma mulher tida como inquebravelmente dura de convicções. Agora, nem tem consciência que o marido morreu e continua a vê-lo e a falar com ele num mundo fantástico — ao mesmo tempo que a memória de longo prazo parece indemne: Thatcher recorda os passos essenciais da sua vida pública, desde que recebeu, com o leite familiar, os valores básicos que presidiram aos seus combates políticos, até aos quase doze anos em que foi primeira-ministra."

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"O filme é esse vaivém entre uma presente esfera privada, comovente, e a ribalta política, com uma formidável onda de contestação e uma determinação que tanto a levou a travar e a vencer a Guerra das Malvinas como a recusar o diálogo na Irlanda, deixando Bobby Sands morrer na cadeia. E a astúcia acaba por ter uma dupla função: criar no espectador uma simpatia imediata (e Margaret Thatcher é uma figura nada apta a gerar esse tipo de sentimentos) e relativizar a verdade factual do seu desempenho público (pois o que vemos não são flashbacks gerados por um cérebro periclitante?). Por outro lado — ou não fossem mulheres as principais autoras do filme —, há um longo carácter feminista no perfil traçado, por vezes com laivos de humor (a chegada dela ao Parlamento, única mulher num mundo de homens, em 1959), o que também adoça o olhar. Os conservadores de todos os quadrantes vão gostar do retrato, os outros vão gostar do filme. Até porque há lá dentro uma interpretação de Meryl Streep que só não é excecional porque a senhora nos habituou a registos excelentes."



"Mesmo que nada mais houvesse, só por ela o filme vale." Jorge Leitão Ramos, Expresso de 11/02/2012