Título original: In the Land of Blood and Honey
De: Angelina Jolie
Com: Zana Marjanovic, Goran Kostic, Rade Serbedzija
Género: Drama, Guerra
Classificação: M/16
Outros dados: EUA, 2012, Cores, 127 min.
""Na Terra de Sangue e Mel”, estreia na realização — e projeto pessoalíssimo — da atriz Angelina Jolie, é um retrato brutal e realista da Guerra dos Balcãs, entre 1991 e 1995. Centra-se na Guerra da Bósnia e no cerco a Sarajevo, onde foram cometidas as maiores atrocidades do conflito armado que desmembraria em seis repúblicas a Jugoslávia do marechal Tito. Também responsável pelo argumento e pela produção, Angelina parte de uma história de amor, a de Danijel (Goran Kostic), um bósnio-sérvio, e de Ajla (Zana Marjanovic), uma bósnia-muçulmana, apaixonados no momento em que rebenta a guerra civil. Pouco depois, eles estão em lados diferentes da barricada: enquanto Danijel, oficial do Exército, é chamado ao dever militar, Ajla começa a assistir à chacina progressiva do seu povo, caindo também ela num campo de concentração chefiado pelo homem que ama — e onde a violação e a tortura são a ordem do dia."
"Falado em sérvio e em bósnio, rodado em segredo com atores locais, desconhecidos do grande público (e que não sabiam, quando assinaram contrato, que atrás da câmara estaria uma das vedetas mais mediáticas de Hollywood), “Na Terra de Sangue e Mel” é um filme surpreendentemente adulto para uma obra de estreia. Um drama que não vai esconder os olhos da violência nem ceder ao sentimentalismo, tão-pouco parecer-se a tantos euro-puddins do Leste da Europa que costumam privilegiar este tema (de resto, a produção é america- na). Afinal, Angelina, sem esconder os olhos da violência, vai muito além do filme de mensagem antibélica que muitos julgavam ser só capricho de estrela."
"É sobretudo às mulheres e à sua condição de resistentes que a realizadora dá atenção — destacando-se acima de todas a performance de Zana Marjanovic na pele da heroína —, mas nem tudo corre bem a Angelina. E se as cenas de ação, que testemunham a genuinidade da narrativa, mostram que a cineasta teve uma coragem de Lara Croft, já a direção de atores revela insuficiências de relevo, por vezes até caricaturais (a personagem do pai de Danijel, por exemplo), que comprometem o resultado. Talvez o filme sublinhe em demasia aquela história de amor em tempo de guerra, nada plausível. A leitura política também tomba num simplismo desarmante, num filme em que os bósnios nos aparecem como carne para canhão e os sérvios as mais brutais criaturas."
"Ainda assim, e apesar destas ressalvas, o filme surpreende pela força de algumas cenas e pela sua entrega, que é sincera." Francisco Ferreira, Expresso de 07/04/2012